terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O QUE DISSERAM AS MÃES...





Humor

O QUE DISSERAM AS MÃES...

Silas Correa Leite

“Quem tem mãe não tem medo”

Henfil


O Que Disseram As Mães de:

01)-Garrincha: “Esse pé torto nunca bateu bem da bola”

02)-Freud: “Não sei porque só pega no soninho quando estou na cama com ele”

03)-Darwin: “Esse meu filho parece que tem macaquinhos no sótão”

04)-Jonas: “Ele ainda vai se meter numa enrascada com alguma baleia”

05)-Noé “Vive enchendo a casa de bicho estranho”

06)-Nero: “Esse regazzo é fogo!”

07)-Hitler: “O discurso dele é só fumaça”

08)-Marco Pólo: “Esse meu filho curioso vai longe”

09)-Caetano Veloso: “Esse moleque tá se achando”

10)-Arnaldo Jabor: “É um bufão que acha que é o que não é, mas só faz fita”

11)-Charles Chaplin: “Não liguem, com o Carlitos é assim mesmo, devagar quase parando, e tudo em preto e branco”

12)- Woddy Allen: “Sei não, se não fosse meu filho, eu diria que não é meu filho”

13)-Lula: “Ele é o grande milagre da família Silva do Brasil, o verdadeiro Silva-se”

14)-Maluf: (Censurado)

15)-José Serra: “O cagão sempre foi da pá virada, e nunca soube perder...”

16)-Bush: “Ele é desmiolado mesmo, sempre gostou de brincar que é Deus”

17)-Ray Charles: “Não se enxerga não, boy?”

18)-Jorge Luis Borges: “É virgem. Sem tirar nem pôr”

19)-Frank Sinatra: “Ele gosta de tudo o que vem acompanhado de uma azeitona. Mulher, Martini, Máfia...”

20)-Poeta Drumond: “Se te atirarem uma pedra, meu filho, faça um poema”

21)-Bethoven: “É uma fuga atrás da outra. Ainda vai acabar ficando surdo”

22)-Paulo Francis: “Acho que joguei fora a criança e criei a placenta”

23)-Karl Marx: “Precisa fazer Capital. Ou trabalho”

24)-Einstein: “Vive no mundo da lua”

25)-Cazuza: “Não é flor que se cheire”

26)-Clodovil: “Adotei um casal de filhos num só”

27)-Ziraldo: “Menino maluquinho ele...”

28)-Silvio santos: “Tudo por dinheiro. Vai encher o baú”

29)-Hebe: “Ela ainda vai dar certo”

30)-FHC: “Sempre achou que tem o rei na barriga. Mas não é nada real”

31)-Pluto: “E ainda acham que ele não é filho do Walt Disney, mas filho da Pluta”

32)-Pedro Álvares Cabral: “Esse só embarca em canoa furada, ô raios. Ainda vai dar com os zurros nágua”

33)-Do autor: “Silascô”

-0-

Silas Correa Leite – República Etílico-Rural Boêmica de Itararé
E-mail: poesilas@terra.com.br
www.portas-lapsos.zip.net






domingo, 26 de dezembro de 2010

Entrevista com Silas Correa Leite, de Itararé, Cidade Poema





SUPERENTREVISTA Com o Poeta, Ficcionista, Romancista, Resenhista e Ensaísta, Silas Correa Leite, Escritor Premiado em Verso e Prosa – E-mail: poesilas@terra.com.br
Santa Itararé das Artes, SP, Brasil




SuperEntrevista: Como você começou a escrever? Quem lia para você ao principio?
Comecei a escrever mais ou menos entre seis e sete anos. Meu pai lia histórias, jornais, a Bíblia, era um maravilhoso contador de causos, desses de começar a falar e juntar gentarada, amigos, vizinhanças, passarinhos... e entre uma e outra toada brejeira no acordeom vermelho, lá vinham histórias...

SuperEntrevista: Qual é seu gênero favorito? Algum link onde possamos ver ou ler algo sobre sua obra recente?
Meu gênio número um é o Leon Tolstoi. Sobre meus trabalhos, vc procurando num buscador como o Google, vai me encontrar em quase 500 sites. Coisas atuais no
www.portas-lapsos.zip.net – pelo segundo ano escolhido um dos melhores blogues do UOL.


SuperEntrevista:Como é seu processo criativo? O que ocorre antes de se sentar a escrever?
Meu processo criativo é não ter processo criativo nenhum. Folha em branco? Assino embaixo, corro o risco. VC tb pode ligar três computadores, dar um tema para romance, um para microcontos ou contos infantis, um para poemas... ou qualquer coisa assim, que em horas vc vai ter centenas de páginas dos trabalhos que vc sugeriu o tema... Entre o escrever e o depois de escrever, o vazio, o nada...

SuperEntrevista:Que tipo de leitura ativa sua vontade de escrever?
Leio de gibis a Platão, de romances a jornais, humor, mas poesia é o meu fraco. Então, a vida – ou o horror da vida – me estimula (por assim dizer) a escrever. Eu escrevo como quem se livra da existencialização, delatando-a, contando-a, feito antena de minha época de horror... tempos tenebrosos...

SuperEntrevista: Quais são para você os ingredientes básicos de uma historia?
Não vejo assim, não curto isso; toda loucura é santa. Meus textos não se preocupam por isso... todo tema é luz, toda narrativa é palco, todos os ingredientes são humanos (humanos?), toda vida é um pé no sacro... Eu escrevo para me livrar do que penso/sinto/capto/crio... com meu lado lispectoriano... sentidor...

SuperEntrevista:Em que sapatos você se encontra mais cômodo: primeira pessoa ou terceira pessoa?
Gosto da primeira pessoa, porque me verto; mas em qualquer prisma, ou enfoque, intertexto que seja, passado, presente, futuro, mudando de cara e pessoa, vazo-me...

SuperEntrevista: Que escritores conhecidos são os que você mais admira?
Gosto do Guimarães, do Machado, do Érico, da Clarice, do João Cabral, da Hilda Hist, e dos estrangeiros entre o Tolstoi o Umberto Eco, o Ítalo Calvino, e outros, do Brasil atual o Scliar...

SuperEntrevista: O que torna um personagem crível? Como você cria os seus?
Meus personagens não existem. A minha loucura é que os tornam críveis, mas nem esse propósito tenho. Gosto de viajar na maionese, na batatinha, assustar com o que crio, fazer o mundo pensar ao me ler, como um ser humano seria capaz de escrever isso... Não crio personagens... eles que me recriam neles, eles que se criam por si mesmos... posso até escrever um romance sem personagem, ou oculto, ou de uma outra espécie imaginada... Não crio, eles se apresentam e se assuntam... entrincheirados de palavras e parágrafos, quando eu ponho pingos em dáblios...

SuperEntrevista: Você é igualmente hábil contando historias oralmente?
Fraco. Piadas, causos, talvez. Sou vencedor do Primeiro Salão Nacional de Causos de Pescadores (USP) de um causo que escrevi bem e que se contasse não ficaria tão bom... Eu mal me existo oralmente. Gosto mais de escrever do que de existir. Gosto mais de ler do que de respirar. Já pensou?

SuperEntrevista: Profundamente em sua motivação, para quem você escreve?
Escrevo para dar testemunho do eu fiz a partir do que a vida me fez de mim. Escrever está no meu DNA. Escrevo a resistência, a sobrevida, o entre-lugar do Eu de mim...

SuperEntrevista: Escreve como terapia pessoal? Os conflitos internos são uma força criadora?
Catarse. Onirismo. Terapia. Jorro neural. Essas coisas. Conflitos eu filtro... De onde vim, para onde vou, o que sou – se é que sou – tipo existir a que será que se destina... Força nutricional da alma nau...

SuperEntrevista: O feedback dos leitores serve pra você?
Muito pouco. Não escrevo pra isso. Gosto de elogios, adoro críticas, mas agora não tenho mais cura. Retorno é lustro no ego e só. Ainda vou assustar o mundo por escrever sobre coisas que ninguém jamais imaginou que um ser humano possa escrever a palo seco de existir... Existir? Corto os pulsos com poemas...

SuperEntrevista: Você se apresenta para concursos? Você recebeu prêmios?
Ganhei dezenas prêmios de renome em verso e prosa, em universidades até, até de microcontos em Portugal, consto em mais de 100 antologias em verso e prosa até internacionais, mas agora não participo mais de concursos... Passei essa fase. Acho que evoluo quando ovulo.

SuperEntrevista: Você compartilha os rascunhos de suas escrituras com alguém de confiança para ter sua opinião?
Eu mal tenho tempo de ler o que escrevo – mais de mil cadernos de rascunhos (logo devem ir pro Guiness Book) - que escrevo, vazo, detono, mal-e-mal leio e releio para publicar, correção, etc. Trabalho 12 horas por dia, 58 anos. Leva tempo levar e trazer coisas para opiniões...

SuperEntrevista: Você acredita ter encontrado "sua voz" ou isso é algo eternamente buscado?
Minha voz é: berrar é humano. É? Escrevo para testamentar que sim. Minha voz é minha ojeriza ao pântano da condição sócio-humana... A hipocrisia viça. Meu lugar não é aqui. Meu escrever é meu rastilho... Minha voz é um não estar num não lugar...

SuperEntrevista: Que disciplina você se impõe para horários, metas, etc.?
Escrevo o tempo todo, saco, sinto, olho, vejo, capto, antenas ligadas, sem obsessão, como se ganhasse a intuição, a percepção, até de ver o poema no ar (já escrito?) e simplesmente palavreá-lo...

SuperEntrevista: De que você se rodeia em seu escritório para favorecer sua concentração?
Fantasmas, memórias, cervejas, o lado sentidor do devir, blues, amendoim, tristices, e silêncio de doer no sentir...

SuperEntrevista: Você escreve na tela, imprime com freqüência, corrige em papel...? Como é seu processo?
Escrevo em folhas dos cadernos, ou direto na tela, e vai por aí o banzo-blues... Sempre corrijo até me matar de raiva de não ter mais tempo para refazer, corrigir...

SuperEntrevista: Que sites você freqüenta online para compartilhar experiências ou informação?
Mando para um monte de lugar, o Cronópios de vez em quando aceita alguma coisa... eu posto pelai nuns dez, mas já cheguei a postar em mais de trinta...

SuperEntrevista: Como foi sua experiência com editoras?
Péssima. Não acredito em editoras. Um mal necessário? Minha obra e currículo são melhores do que as editoras...

SuperEntrevista: Em que projeto você está trabalhando agora?
Acabando um romance louco tipo infanto-juvenil – mesmo que seja infanto-juvenil de loucos... Escrever é solo mas dói.

SuperEntrevista: O que você me recomenda fazer com todos esses textos que venho escrevendo há anos mas nunca os mostrei a ninguém?
Se enxergue. Desconfie. Re-escreva. Nunca vai estar bom, mesmo depois de estar bom. Eu que penso antes de pensar, não confio em nada assim. Tudo que está perfeito e acabado está podre, disse Brecht.

SuperEntrevista: Como você se define?
Um E. T. em dimensão/travessia errada...

SuperEntrevista: Qual é sua mensagem?
A minha mensagem é que todos têm que saber que o final feliz é que todo morrem...

SuperEntrevista: Sua biografia em quatro linhas:

Escrevo
Escrevo
Escrevo

Escravo

SuperEntrevista: Você publica seu trabalho na rede? Onde podemos vê-lo?
Melhor buscar no Google pelo meu nome. Tem até comunidades no Orkut, Twitter, e vídeos no YouTube. Pimenta no orkut dos outros é YouTube?

SuperEntrevista: Como nasce uma idéia? O que é para você a inspiração?
Tenho mil idéias. Escrevo umas e outras. Algumas aguardam paradas no ar a minha capitulação de escrevivê-las. E assim me ins/Piro.

SuperEntrevista: Que papel tem a tecnologia em seu processo criativo?
Tudo: sempre escrevi muito. A tecnologia facilita o monte, desconte, correções, arquivos, etc. Salva-me de mim.

SuperEntrevista: O que é arte?
Libertação do Ser de si.

SuperEntrevista: Em que circunstancias você tem as melhores idéias?
Na dor, na traição, na solidão, na hora de nossa morte. Amém ou Amem?

SuperEntrevista: Como você corrobora se uma idéia é boa?
Todas as idéias são boas. O que vc vai fazer delas que pode ser bom ou não.

SuperEntrevista: Três idéias criativas que você gostaria que tivessem sido suas.
Ah... milhares... talvez milhões... Infinitas...

SuperEntrevista: Quando e como você começou a ver você mesmo como artista?
Desde muito antes de nascer, acho. Depois guri. Depois a infância confirmou: miséria, fome. O que iria fazer daquilo? Material de trabalho. Juventude: lutas, utopias... Como contar a dor de ter sobrevivido? Pois é. Agora passando dos 50, muito acervo lacrimal. Do caso nasce o jazz?

SuperEntrevista: Por que tantos artistas e criadores têm personalidades voláteis?
Eu não me levo a sério. Quem se leva a sério carrega uma tromba.

SuperEntrevista: Você se considera pós-moderno?
Qualquer coisa assim.

SuperEntrevista: Como uma obra artística deve ser avaliada?
Não tenho medida. Quanto mais louca mais gosto. Deus deve amar os loucos?,

SuperEntrevista: O artista deve se reinventar a cada dia?
A si mesmo... Nova aurora a cada dia, como diria a canção da juventude...

SuperEntrevista: Que artistas você admira e de que maneira têm influência em sua obra?
Caetano, Machado, Charles Chaplin, Glauber, Drummond, etc.

SuperEntrevista: Qual é sua opinião sobre os subsídios públicos para a arte?
Acredito nisso. Vale a pena ver de novo?

SuperEntrevista: A arte autêntica é a arte necessária?
A arte visceral é indispensável...

SuperEntrevista: Você sofre ao se desprender de uma peça que tenha vendido?
Quando eu me livro de mim, perco lastro. Treino vôos?

SuperEntrevista: Ao comprar a obra, estamos mais que nada comprando o artista?
Estamos comprando almas, luzes...

SuperEntrevista: Para a arte não há guia. Como você sabe qual é a próxima coisa a fazer?
Nunca sei. Por isso me mantenho vivo e na luta... O devir me atiça...

SuperEntrevista: O que você acha de que grande parte das obras de arte contemporânea que os museus exibem seja de artistas que já faleceram?
Idéias historiais e vidas-livros

SuperEntrevista: Que papeis jogam em sua trajetória as figuras de marchante, representante, galerista, e intermediários em geral?
Sou anti-dinheirista. Se fosse pensar assim estaria podre de rico, Mas talvez tb mais podre... Sou amador depois que crio.

SuperEntrevista: Que tipo de encomendas você costuma receber?
Prefácios, orelhas, formatações, resenhas, ajudas em teses, em tccs, etc. Trabalho é treino.

SuperEntrevista: Qual de seus trabalhos é o que você mais gosta?
Poesias.

SuperEntrevista: Você coleciona algum objeto?
Sim: não há sensação no esquecimento...

SuperEntrevista: Endereços web, uma por linha
www.itarare.com.br/silas.htm
www.campodetrigocomcorvos.zip.net
etc.

SuperEntrevista: O que você aconselharia aos escritores iniciantes?
Sofram e apareçam. Mereçam-se. E nunca saiam de si. E se saírem, jamais caiam em si.




http://oliteratico.webnode.com/news/literatico/

domingo, 12 de dezembro de 2010

Conto de Natal "O Tocador de Acordeom" Silas Correa Leite Para o Pai, Maestro Antenor Correa Leite








Conto de Natal 2010


O Tocador de Acordeom



Depois de tantas irmãs, eu finalmente nasci. O primeiro varão do clã. Isso me deu alguns privilégios, inclusive e principalmente afetivos, claro, pois à época meu pai era rico, tinha comércio e lidava com lotes de terra no Bairro das Cem Casas, em Harmonia, Monte Alegre, Paraná, hoje Telêmaco Borba, região de Tibagi. Depois de mim ainda nasceram duas irmãs. Quando meus irmãos nasceram, eu já carregava a luz. E a cruz. Porque meu patriarca teve problemas com jagunços e grileiros do Lupion, corrupto governador do Paraná de então, e teve que voltar para Itararé, para não ser morto. Perdeu quase tudo que investira em terrenos. Aí é que começa a minha história. Por aí também começa o lado ruim de ser o chamado bendito fruto. Pois enquanto eu era guri, era bajulado, tinha do bom e do melhor. Quando começou a época das vacas magras, quem teve que cortar a infância pela metade e trabalhar, ajudando em casa, fui eu. De engraxate a vendedor de dolé de groselha preta, de bóia fria a vendedor de pipoca, de vendedor de banana-caturra a vendedor de caldo de cana, de bóia fria a aprendiz de marceneiro na Marcenaria Estrela do meu primeiro pai-patrão, o Jora Leite. O trabalho para ajudar em casa; o guri que eu era assumindo valores e ajudando o patriarca prover o lar. O pai também era regente de corais que fundava; era maestro de bandas e conjuntos regionais evangélicos que inventava de inventar; músico, compositor sacro, arranjador, letrista, dono de vários instrumentos, de bandolim a flauta transversal, de cavaquinho a banjo, de clarinete a acordeões. Mas o pior era eu, carregando o peso, já que meu o pai usava bengalas e tinha problemas de úlcera varicosa nas perdas, às vezes as feridas sangravam, ele tinha que usar meias elásticas e mancava então, e o guri magricela e cara de boi lambido que eu era, com amarelão, calcanhar de frigideira e andar-de-segura-peido, é quem tinha que carregar o bendito do pesado acordeom Universal Líder vermelho de 300 baixos que era uma cruz e tanto pra mim, pequeno, tão esquálido e cara de pidão. E o pai inventava de tocar na rádio, em praças públicas, na igreja, em cultos de oração, nas escolas dominicais, em variados horários, e era eu, o bendito fruto, rebento varão, filho homem, quem tinha que carregar o bendito do pesado instrumento. E o pai, Antenor, além de pregar, cantar e tocar, no acordeom era quem fazia firulas e se sentia à vontade, brilhante e vaidoso, ótimo pregador dos evangelhos também. E ainda, além dos hinos evangélicos, protestantes, como “Mais Perto Quero Estar meu Deus de Ti”, ou mesmo “Da Linda Pátria Estou bem Longe”, ou “Foi na Cruz... Foi na Cruz” ainda, aqui e ali, nos beiços de tardinhas, em frente do portão de tramelas de casa, na Rua 24 de Outubro, Vila São Vicente, em Itararé, nos idos de antigamente, nos tempos em que se amarrava cachorro com lingüiça de capivara, o artista do meu pai juntava tropé de gente, curiosos, vizinhos, passantes e passarinhos sondando do quarador, para ele então também solar Abismo de Rosas, Chão de Estrelas, algumas marchas-ranchos, valsas, xotes e outras modas bonitas mais. O céu por testemunha.

Mas eu tinha certa raiva do pai, entre uma mágoa e tristice. E além da vergonha de, mal me agüentando em pé, ir atrás dele – que dava no pira depressinha – parando malemal a cada cem metros, se tanto, para descansar do peso enorme do acordeom o que certamente cedo ou tarde me daria alguma hérnia. Mas eu, feito um cordeirinho desmamado, seguia religiosamente o pai, levando o acordeom para ele fazer seu show. Fraco, com raiva, envergonhado de mal me agüentar com o peso, saía cansado atrás do pai, pelas ruas de cacau quebrado de Itararé (paralelepípedos) enquanto minhas bonitas irmãs serelepes iam à frente, levando hinários, letras de músicas, Bíblias, partituras, todas elas bonitas e eu, ali, paradoxalmente ao que tinha sido bem tratado quando piá de tudo, naquele começo de adolescência, topetudo, cara de lambisgóia espeloteado, carregava o peso do acordeom que me lanhava a mão, cansava, me deixava birrento, de tromba, brabo com o pai. Será o impossível? Quando ele tocava, no entanto, fazendo bonito, eu me sentia feliz; é quando eu via prazer naquilo de sofrer, de carregar o peso para ele brilhar. Achei que, de alguma maneira, minha vaidade pueril talvez, nunca perdoaria o pai por isso. Por ter sido rico e ficado pobre. Por eu ter dado tanto trabalho – estive seis vezes para morrer – e ele ter gasto vários terrenos na farmácia do Chiquinho Pucci em Telêmaco Borba para me custear remédios caros e eu então poder sobreviver, escapar, e agora ali, pagando meu pesado e alto preço, carregando aquele bruto instrumento pelas ruas de Itararé a fora, enquanto ele fazia bonito e eu que quando bendito fruto carregara a luz, ali, pra mim, então, por fim também por força de ser o primeiro filho homem, carregava a cruz. Só por Deus. Apanhei muito de cinta, de vara de marmelo. Traquinas, turrão, topete arrebitado. Sempre fui muito hiperativo, o que minha mãe Dona Eugênia em bom português caseiro dizia espeloteado. Atentei muito minhas irmãs; acidentalmente taquei até fogo em serraria ao brincar com cepilhos e caixa de fósforos, ou seja: pintei e bordei. Só vendo pra crer. Isso porque meu pai não descobriu nem um por cento do que eu atinado aprontava. A mãe, até, dizia que eu dei dez vezes mais trabalho do que todos os outros filhos juntos. Por isso, dar alegria, ser contador de causos, tinha que ser a minha cota de compensação. Valeu a pena? Ah, mas carregar aquele acordeom pra lá e pra cá, era minha sina. Eu não suportava aquilo. Por isso, acho, talvez, mas só talvez, nunca aprendi música – sou um músico frustrado – nunca aprendi tocar instrumento nenhum. Comecei a estudar, mas parei por causa da palheta do clarinete na roupa – eu era disperso, vivia no mundo da lua – ou por causa dos calos nos dedos ao tentar aprender a tocar violão e cavaquinho com o meu Tio Jare, irmão de minha mãe Eugênia. Eu tinha bloqueado meu cérebro de alguma forma instintiva, e, a bem dizer, era também, falando sério, um manteiga derretida. Vão vendo. Quando tinha apresentações do meu pai, o que era rotina, beiçudo, lá ia eu carregar seu acordeom. Que sina. Assim foi toda a minha juventude, até deixar Itararé, terra-mãe, ir peregrinar minhas viajações por São Paulo, lutar, estudar, vencer na vida, ajudar meus familiares, escrever meus livros, depois de tomar licor de ausência de minha adorável Santa Itararé das Artes. Muito tempo depois que o pai morreu, pelos primos Paulo Rolim e Eugênio Cleto, fiquei sabendo de um ouvi-dizer do clã, o que me deixou muito triste por eu ter odiado carregar o acordeom do pai, e me fez finalmente ter de alguma forma perdoado o velho e entendido a missão do patriarca com o instrumento. Eram histórias que o povo contava, lados de Sengés, ventiladas pelo clã Correa Leite, e que me abriram o coração e desataram os nós de lágrimas guardadas. O Pai que nasceu entre 1900 e 1906 (nunca sabemos se a data de registro era certa), em 1930, quando o bando de Getúlio Vargas invadiu Itararé, ele que encorpara com outros jovens e era acendedor de lampiões de gás em Itararé, numa maroteira tentativa varonil de imprudente resistência à invasão de Itararé, até que fora preso feito um rebelde bom de briga e entrão na história. Saindo de um baile num circo que atuava em Santa Cruz dos Lopes, depois de dar seu show particular no acordeom de um palhaço cego seu amigo, com amigos joviais e bagunceiros de Itararé e de Sengés agitaram de tentar desencarrilhar vagões do trem na leva de revolucionários que viriam para a tal batalha de Itararé, quando Itararé foi bombardeada. Junto com a caravana do bombachudo gaúcho de São Borja vinham também estrangeiros, índios, negros, mamelucos, paroaras do Paraguai e Uruguai, biscates polacas; uma grande leva de putas mesmo, entre muares, burros de cargas, canhões velhos, e muitos soldados catados pelo caminho ou que se adensaram ao grupo, que se agregaram para terem o que comer, ver no que daria aquela briga nacional de meia-tigela contra a política café-com-leite de Washingtom Luiz, entre a turma paulista e os mineiros. Corria a guerra interna do Brasil que, como outras que deram com os burros nágua, essa se deu na mudança da oligarquia política, fechamento de um ciclo histórico, e Itararé foi palco, a história do Brasil passando por lá. Numa dessas tentativas isoladas de levante e revanche, o pai foi preso com seus cupinchas de ocasião, e uns mambembes soldados revolucionários o levaram, junto com amigos briguentos, para uma prisão num vagão de trem que estava parado na estação de Coronel Isaltino, adjunto ao rio Pelame. A ordem era deixar os bocós dos guerrilheiros ali, até morrerem de fome que fosse, mal vigiados por uns gaúchos cara de bosta seca, alguns estrangeiros, inclusive alemães e uma leva de pedaçudas polacas doentes para morrer de sífilis. O pai preso e sabia que, condenado de antemão, iria finar ali, pelo que intentara de inventar, correndo riscos, metido a valentão que sempre foi. Ficou preocupado, ponderou. Tinha a família, os amigos, os irmãos da igreja que largara, pois era um desviado da Presbiteriana então. Até que, entre os bens que os soldados pilharam das casas na região de Itararé toda, apareceu uma bela gaita de sete baixos importada. E foi nela que o pai, curioso, bom de prosa, dá licença, sim sor, pediu para tocar algumas polcas e xotes para agitar aqueles soldados, entreter as moças cor-de-rosa a beberem vinho, entre a turba a carnear animais que também pilharam em fazendas no entorno da região barulhada de Itararé. O pai ali, tocando acordeom para os guardiões do seu cativeiro, feito um refém tinha hora de banzo e, aqui e ali, ora puxava o fole e chorava, pedindo em promessas a Deus, para escapar daquilo, se ver livre, voltar pra igreja, salvar os amigos que, sempre da pá virada, metia em enrascadas das grossas como aquela que poderia ser fatal. Depois de tocar a noite toda, quase com os dedos sangrando, pois os revolucionários bêbados botavam alegria na tristeza deles naqueles ermos, quando um tipo alemão pediu também para solar uma musica de sua terra de origem, que lá ouvira de ancestrais. E tocou uma musica de crente, seus pais eram luteranos. Meu pai chorou. Emocionado. Um sinal de Deus? Só podia. Pediu pro alemão lhe ensinar algumas posições, fez tipo, logo, estavam amigos de ocasião, e o pai tocava aquela musica que muitas décadas depois, o filme Titanic consagrara, como “Mais Perto Quero Estar Meu Deus de Ti”; o navio afundando e os músicos tocando. Uma cena clássica do cinema americano. Pois o pai aprendeu e fez a promessa de voltar pra igreja, se escapasse da morte, criar juízo. Tenho a quem puxar?. Uma noite, Itararé já vencida, Getúlio Vargas indo amarrar o cavalo pampa no obelisco do Rio de Janeiro, assumindo a Presidência do Brasil, todos ratiando de bêbados, cozidos, depois do pai ter as mãos sangrando por tocar horas em parar, o alemão amiúde veio e tirou as amarras do pai, para que o pai também soltasse os amigos e pudesse fugir, só prometendo, para o imigrante clandestino em terras brasileiras, fugidio de diásporas da primeira guerra mundial da Europa, que usaria os instrumentos sempre para louvar a Deus, em memória do clã de origem nórdica.

O pai prometeu chorando e rapidinho escapou, pode assim viver mais de 70 anos constituir família, fundar corais e bandas em Itararé e na região de São Paulo e Paraná; ter pioneiros programas evangélicos de rádio em Itapeva, Jaguariaiva e Telêmaco Borba, podendo assim voltar para Jesus, salvar os amigos. E pagar a promessa, claro. Pois eu tinha sido ocacionalmente um ajudante dele naquela pregação, naquela louvação a Deus, carregando pra lá e pra o bendito do acordeom.

Muito tempos depois, já adulto descobri, que eu era uma espécie de armeiro do pai, naquela missão, como pagador de promessas. Um ajudante dele, e, então, finalmente descobri por fim, muitas décadas depois, que mesmo nunca conseguindo, por algum trauma instintal, preguiça frente a regras formais, neuras mesmo ou inércia cerebral (falha no psico-motoro) aprender a tocar nenhum instrumento, sendo para sempre um músico frustrado, também, talvez em memória do Pai e do seu Acordeom de Estrelas de Saudades, por causa disso que narro agora eu tinha sido marcado para sempre.

Sim, meus irmãos, eu tinha no meu próprio nome, desde o nascimento e registro no Cartório de Ventania, como uma sina, uma luz, algumas notas musicais... Si... lás... Escrevendo eu continuo solando meu pai pelaí, com o acordeom de minha alma fazendo versos como quem chora de amor e de saudade.
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Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, Estância Boêmia
Obra da Série “Contos de Natal, E Acontecências em Verso e Prosa”
E-mail: poesilas@terra.com.br - Site: www.portas-lapsos.zip.net

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Leite Derramado - Conto de Silas Correa Leite




Microconto:

Leite Derramado



-Mãe, eu sou gay!

-Tá bom filho, tá bom, Júnior.

-Ué, você não vai chiar, ter um siricotico, causar um terremoto?

-Nem te ligo, guri, nem te ligo. Teu pai também era.

-Ué, e como foi então que eu nasci? Eu caí do céu de Itararé que nem purpurina?

-Ué, filhota, eu já não te falei que aqui em casa era o padeiro quem entregava o leite?

-0-

Silas Correa Leite
Estância boêmia de Itararé

E-mail: poesilas@terra.com.br
www.portas-lapsos.zip.net

Microconto da Série “Eram os Itarareenses Extraterrestres?”

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Manipulação da Mídia - As Estratégias (Vide Folha, Estadão, Veja, Rede Globo)





Noam Chomsky: As 10 estratégias de manipulação midiática
Por Noam Chomsky*, em
Adital

Tradução: Adital


O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das “10 Estratégias de Manipulação”através da mídia.


1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.
3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.
6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!
10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dosúltimos 50 anos, os avançosacelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

* Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dicionário Itarareense




DICIONARIO ITARAREENSE – De Santa Itararé das Artes Por Atacado


Dicionário do POVO DE iTARARÉ
Deusolivre - Termo utilizado largamente um todo tipo de conversa , expressa afirmação negativa categórica. (Ex.: Deusolivre que eu vou no cemitério a noite !)Xééé - Nem pensar , de jeito nenhum , de forma alguma . (Ex.: Você vai trabalhar Domingo ?? - Xééé !!!!!) Óia - Olhar algo , veja , preste atenção. (Ex.: Óia só que coisa !!!) Úia - Olhar coisa ou pessoa interessante , chamar atenção para algo especial . (Ex.: Úia que belezura !!!!) Cornetear - Falar alguma coisa de outra pessoa , algo parecido com "fofoca". (Ex.: O Walter estava Corneteando o Primo ontem ) Ataque de bicha - Expressão que representa um momento de nervosismo .. (Ex.: Ele me deixou tão atarantada que me deu um ataque de bicha !!!) Póde Erguê - Não vou fazer , nem pensar de jeito nenhum. (Ex.: Preciso que você vá à pé até a cidade. - Póde Erguê que eu vô !!!!!) Gorfá - Vomitar . (Ex.: Acho que bebi demais , vou Gorfá !!!!) Quaiá o Bico - Dar muita risada . (Ex.: O pião tomou um Capote e eu Quaiei o bico !!!) Vô chegando - Ao contrario do que parece é utilizado quando você vai embora , esta saindo (Ex.: Bom pessoal a festa tá boa , mas Vô chegando !! ) Reganhera - Estado letárgico que geralmente ocorre logo após o almoço, moleza , soneira.(Ex.: Comi 3 pratos de feijoada e me deu uma Reganhera daquelas)Furdunço - Confusão , normalmente relacionada a festas (Ex.: Tava lá na festa e de repente começou uma briga...foi o maior Furdunço !) Isgueio - Palavra utilizada para identificar uma ação que não ficou aprumada em linha reta. (Ex.: Ela foi estacionar o carro e ficou de isgueio .) Fianco - A mesma coisa que Isgueio .Farfanho- entrou meio na lateral (Ex. estacionei de farafnho na rua)Vai rendê - Vai dar certo , algo que vai funcionar. (Ex.: Hoje eu vou no baile , vai rendê !!) Carçá - Palavra que indica comer alguma coisa para matar a fome. (Ex.: Vô carçá o estomago , antes de sair prá balada !!) Erguida - Levar uma bronca . (Ex.: Quebrei o prato e tomei a maior erguida da mãe !!!)Pial - O mesmo que Erguida , uma bronca , chamar a atenção de alguém . (Ex.: O Zé chegou as 3:00 hs de pé melado e tomou o maior pial da patroa.) Dormiu - tudo aquilo que se encaixa perfeitamente .(Ex.: O guarda-roupa que ganhei dormiu na parede do quarto .) Posá - Dormir em algum lugar .(Ex.: Posso posá hoje aqui ??) Espeloteada(o) - Pessoa elétrica que tem temperamento forte , birrenta . (Ex.: Essa menina é muito Espeloteada !!!!) Capote - Cair , escorregar , tombo , queda . (Ex.: O Cara fez a curva e tomou o maior Capote !!!) Trincar o côco - Tomar todas , beber até cair . (Ex.: Hoje eu vou no bar e só saio quando trincar o côco !!!) Melá o pé - O mesmo que trincar o côco. (Ex.: O marido da Mariquinha Méla o pé todo dia no Bar !!!) Bissurdo - Absurdo , inaceitável , incrível . (Ex.: Essa coisa de seqüestro é um bissurdo !!!!) Fiótão - Pessoa menos preparada , sem experiência , meio bobo . (Ex.: Olha lá a besteira que ele fez !!! Só podia ser Fiótão mesmo .. ) Muquiado - Ficar escondido no canto , na espreita .(Ex.: O João fico Muquiado a noite toda prá pegá a mulher dele no flagrante !) Orná - Que combina , fica bom com algo mais . (Ex.: Vou comprá essas roda aro 17" !! Vai orná na pick-up ) Chovendinho - Dia ou noite com chuva fraca , quase uma garoa ..(Ex.: O cara tomou o capote porque tava Chovendinho !!!) Pior que é - É isso mesmo , concordar plenamente .(Ex.: Eu acho que o João é frutinha . Pior que é !!!!) Frutinha - Rapaz delicado que não demonstra sua masculinidade (Ex.: Olha só !!! Andando desse jeito só pode ser Frutinha !!!) Euem - Não vai fazer , participar ou falar algo . (Ex.: Você foi no velório ontem !!! - Euem tá loco !!!) Bico ¹ - Cara meio atrapalhado , pessoa que faz besteiras freqüentemente. (Ex.: Aí o Bico foi lá e tomou o maior fora da garota !!!!) Bico ² - Olhar, avaliar. (Ex.: Dá um bico se essa peça tá ok. ) Bicão - aquele que não foi convidado (Ex.: Quem é aquele cara de camisa laranja e rosa, boné verde e vermelho? Acho que veio de bicão na festa) Forfé - Bagunça , agitação . (Ex.: Fui no baile e tava o maior Forfé !!!) Namorandinho - Estar com alguém , namorar firme . (Ex.: O Fábio está namorandinho a Joana !!!!) Sartei de Banda - Deixar de fazer algo (Ex.: Você foi ajudar a encher a laje na casa do João ? - Euem Sartei de banda !!) Virô um Rebosteio - Termo utilizado quando tudo dá errado. (Ex.: Eu tava na marginal e a agua do rio começou a subir eu tentei sair e não deu, Virô um Rebosteio!) Fervo - Local agitado , festança legal . (Ex.: E aí , vamos no Fervo hoje na casa do Manezinho ??!!) Oreia Sêca - Utilizado para designar uma pessoa ignorante , simplório .. (Ex.: Esse é um Oreia Sêca mesmo , não tem jeito !!!!) Samiá - O mesmo que semear , espalhar algo . (Ex.: O Zé foi no quintal Samiá o milho .) Revertério - Define mal estar , estar passando mal . (Ex.: Comi aquela maionese e me deu o maior Revertério !!!) Morgá - Não fazer nada , ficar paradão como um lagarto no sol .. (Ex.: Hoje não tô afin de fazer nada , vou Morgá o dia todo .) Lagartear - O mesmo que Morgá .Zé Ruela - Pessoa que só faz besteira . (Ex.: Esse cara é um Zé ruela mesmo , dá uma olhada na besteria que ele fez!!!)Pórva - Pessoa ou coisa que não presta , que não tem qualidade . (Ex.: Comprei uma calça jeans marca Pórva mesmo .) Páia - Tem duplo significado , pode ser o mesmo que Pórva e também pode ser mentida . (Ex.: Esse cara só conta Páia , não acredite nele !!) Páiero - É o mentiroso . Tropinha - O mesmo que gangue , bando , galera .(Ex.: Vamos reuniar a Tropinha prá pegar ele depois da aula !!!) Dar uns Péga - O mesmo que ficar ou tirar um sarro com alguem . (Ex.: Hoje vou Dar uns pega na Maria depois da missa !!!) Paroqueada - Conversa mole , papo-furado , conversa sem interesse.(Ex.: Ah !! o Mané fica no bar a tarde toda só na Paroqueada com os outros.) Castelá - Dar em cima de uma garota. (Ex.: Vô Castelá aquela loirinha ali !! ) Estorvo - Tudo que atrapalha , inclusive pessoas que atrapalham. (Ex.: Aquele Bico é um Estorvo !!!!!) Manguaça Véia - Expressão utilizada normalmente quando um indivíduo sofre uma queda uu um tropeção por qualquer motivo . (Ex.: Eh!!! Caiu de novo Manguaça Véia !!!!) Saír vazado - Atitude de todo bundão que apronta alguma e depois dá cagada. (Ex.: O dono do carro tá vindo aí, sai vazado !!!) Treta - Expressão usada quando o indivíduo arruma confusão.(Ex.: Passei uma conversa naquela menina e namorado dela ficou sabendo , deu a maior treta.) Furar o Zóio - Enganar, tirar vantagem (Ex.: O Túlio vai me vender um módulo por 300 reais, será que está furando meu zóio?)Migué - Às vezes substitui a palavra "xaveco". (Ex.: Aquela tava difícil, tive que jogar a maior migué nela pra conseguir o que queria.) Azesquerda ou Asdereita - Termos utilizados normalmente para definir direções a serem tomadas em algum caminho. (Ex.: Você então vira Azesquerda e depois Asdereita e segue em frente.)Catando Coquinho - Termo utilizado em uma situação em que a pessoa quase cai e consegue se levantar . (Ex.: Aquele carinha , tomou em tranco do Tonhão e saiu catando coquinho .) Nervo - Termo utilizado quando a pessoa está irritada ou nervosa com algo ou alguem.(Ex.: Aquele Oreia sêca que trabalha comigo só faz besteira e eu tenho que consertar , isso me dá um Nervo !!!!!) Vaidalá - Termo utilizado para informar que um caminho te levará onde você quer ir.(Ex.: E se eu pegar a Rua Mascaranhas Camelo , vaidalá ??? - Ahh vaidalá tambem !!!) Pare com isso - Termo utilizado largamente um todo tipo de conversa, expressa solicitação veemente. (Ex.: Você é um gato sabia !?? Não fale isso, pare com isso !!!) MÓ - Expressão designativa de grandeza/intensidade. = Muito. (Ex.: O clube que nóis fumo ontem é "mó" legal !!) Subir lá em cima / Descer lá em baixo - Reforço de afirmação. Pra garantir que a pessoa realmente suba pra cima e não para baixo, ou desça pra baixo e não para cima. (Ex.: Eu subi lá em cima prá pegar as caixas e depois eu tive de descer tudo lá em baixo !!!) Putaquelamerda - Expressão de espanto. Susto.(Ex.: Putaquelamerda, que susto ! )Viela - Expressão comum usada em afirmações. (Ex.: Eu viela hoje .)Ceroto - Sujeira do nariz. (Ex.: Menino !!! pare de tirar ceroto do nariz !!!!) Piririca - Aquela sujeira escura que fica nas dobras da pele dos seus filhos, depois de brincarem o dia todo na rua. O mais famoso é o cordão do pescoço. (Ex.: Vá tomar banho menino !! Olhe só , você está cheio de piririca !!!!) Atarantado(a) - Estar ou deixar alguém nervoso . (Ex.: Aquele moleque deixa a mãe dele atarantada !!!) Arriá uma massa - ir ao banheiro para fazer suas necessidades fisiológicas. (Ex.: Cadê o André ? Ele tá no banheiro , deve tá arriando uma massa !!) Bufa - Palavra que identifica o ato de exalar gazes . (Ex.: Hummmm que cheiro é esse ? Alguém soltou uma Bufa aqui !!!)Gaitiá - Palavra utilizada para definir quando alguém muda de voz durante uma conversa (Ex.: Xééé , o Ronaldo tava falando no telefone e deu umas gaitiadas) Diapé - Palavra que identifica uma forma de se locomover. (Ex.: Você vai de carro ou Diapé ?) Dordeperna - Expressão utilizada para identificar dores nas pernas. (Ex.: Ontem fui trabalhar Diapé e hoje tô com muita Dordeperna ) Embruião - Designa aquele que não é confiável , também aquele que não gosta de trabalhar. (Ex.: O Chico tá desempregado de novo ! Também é um baita Embruião ! ) Gambé ou Os home - Pseudônimo dado aos policiais. (Ex.: Ihhhh sujou, os gambés! ou "Olha a barcona, os home...os home") Barcona - Viatura da polícia. (Ex.: Acima)Guéla - Duas situações, fofoqueiro ou falastrão. (Ex.: OLha rapaz, você fica falando pra todo mundo, pare de dar guéla) Truta forte - Amigo, parceiro . ( Ae, esse aí é truta forte) 6V - Ato de fazer a devolução de algo emprestado. ( Raimundinho, esse gaguhio é 6V...vai, volta, voando, viu...viado, véio) Baguhio - objeto (Ex.: acima)Castelá - olhar (Ex.: Castele, castele aquela mina; é uma petequinha) Petequinha - garota bonita (Ex.: acima) Desacorçoado - enjoado, desanimado (Ex.: Pô meu, tou desacorçoado com esse cara, ele é o maior por fora) Por fora - chato, inconveniente (Ex.: acima)Carcada, chamada, pito - chingo, chamar a atenção. (Ex.: Nossa, tomei um pito da professora - Tomei uma chamada do guarda) Piabada, chacoalhada, vareio - perdeu feio ( haha, seu time tomou uma piabada ontem)Ceva - dois sentidos: cerveja (Ex.: E aí, vamos no boteco tomar uma ceva? Mio - mancada, pisou na bola ( O marquinho foi na lanchonete, ficou bêbado e deu o maior mio ) Bichera- má qualidade, ruim (O que você está pagando com essa bike Michelzinho? Essa bicheira!) Pagando - se mostrando, se aparecendo (Ex.: acima)Nervoso - potente (Ex.: O Jabá colocou um motor novo no carro dele, o carro ficou nervoso ) Serrote ou segueta- pidonho, aproveitador (Ex.: Tava na boa na padaria comendo um lanche, daí chegou o Carlão e me pediu um pedaço, o cara é serrote) Bandeira - vacilar, desatento (Ex.: O Raimundinho tá lá na esquina, fica dando bandeira) Fio - se dirigindo a pessoa com certo nervosismo (Ex.: Já coloquei meu fio!)Miuda - quieto, no lugar (Ex.: O Pardal já tá começando ficar puto, vou ficar na miúda)Puto - bravo (Ex.: acima) Pegou de brabo - firme, pesado (Ex.: O Maicon precisava terminar aquele trampo logo, pegou de brabo) Trampo - trabalho, serviçoDois palito - rapido (Ex.: Vou buscar o violão, é dois palito) Lagartão - aquele que faz serviço pesado, puxa saco. (Ex.: OLha o Juarez, desde cedo carregando aqueles fardos de 50Kg, é um lagartão mesmo) Bicão - aquele que não foi convidado (Ex.: Quem é aquele cara de camisa laranja e rosa, boné verde e vermelho? Acho que veio de bicão na festa) É o bicho - ótimo, de qualidade ( Cara...veja o celular novo com câmera que comprei, é o ultimo lançamento, é o bicho) Roça - encrencado (Puts! Cobrei o Xandinho perto dos camaradas, agora ele quer tirar satisfações; tou na roça) Nhaca - ressaca, mal disposto (Ex.: Tomei todas ontem, hoje eu tou uma nhaca) Tiozinho - pessoa mais velha, idoso, coroa (Ex.: Não sei quem foi, eu vi aquele tiozinho mexendo no baguhio) Vaza - dois sentidos: mancada, vacilo ou vai embora, retire-se rapidamente(Ex.: 1 - Dei uma cantada na mina do Marião, dei vaza, será que vou apanhar? 2 - Não sou macaco gordo, mas vou quebrar o galho de vocês, não vou lhes aplicar a multa, mas vaza daqui, sai vazado... vai....vaza, vaza...seus vagabundos!)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

OS VERMES, POEMA






VERMES


O cientista no trem carregava um pote
De Vermes – para as suas experimentações
Na Estação de Itararé, o pesquisador
Levava inconclusões em seu empirismo

Sondei o homem triste, infeliz, ansioso
E contemplei os Vermes no pote de vidro
Fiquei com pena dos vermes, a irem
Com ele para o seu laboratório de Ser...

Depois fiquei com pena mesmo do homem
Os Vermes certamente melhores do que ele
Um dia o tomariam inteiro para si
E todos seriam vermes, homens, e eles...

Com pena do homem – (ou dos Vermes?)
Quedei-me a meditar todo confuso ali
Que Verme é o homem que mal se cabe em si
A procurar no bisonho o que de si é ver-se

-0-

Silas Correa Leite
Santa Itararé das Artes, SP, Brasil
Site: www.itarare.com.br
E-mail: poesilas@terra.com.br

domingo, 12 de setembro de 2010

Poema Para o Salgadinho da Farmácia de Itararé

Poema para o Salgadinho da Farmácia


Poema Homenagem


Lá vem o Salgadinho da Farmácia
Com aquele seu doce sorriso tão puro
Distribuindo pílulas de causos plangentes
E drops de comunicabilidade e bem-querer


Trabalhando na Farmácia do João Tatit
Desde então ele sempre um cidadão ridente
Batalhador, determinado, sempre contente
Hoje tem filho formado e clientela fiel
Porque tem coração de ouro e alma avelã


-Conta um causo, Salgadinho
-Era uma Vez o Dito Rufino...
-Como vai amigo Salgadinho?
-Doce menino... muito doce...

Lá vai o Salgadinho da Farmácia tão trigueiro e risador
Companheiro de pôr luz na alma de Santa Itararé das Artes

Sempre com uma bela contação historial do arco da velha
Olhar sereno, alma encantada e a prosa um grude de groselha

Itararé, levou quem trouxe
É a única cidade que tem um Salgadinho que é doce

-0-

Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes, Cidade Poema
Blogue:
www.portas-lapsos.zip.net - E-mail: poesilas@terra.com.br


domingo, 22 de agosto de 2010

Luiz Antonio Solda, de Itararé-SP







De Itararé-SP, Cidade Poema

Nome Completo: Luiz Antonio Solda, ou Professor Thimpor, ou Nora Drenalina.
Idade: menos de 60 e mais de 50
Profissão: Eu sou a pedra que carrego nas minhas costas.
Mensagem da Secretária Eletrônica: A vida é bela, só não vale chute na canela.
Comida que mais gosta: A vida passa assim: na metade já estamos no fim.
Comida que não gosta: qualquer uma com Conotação Situacional Semiológica.
Esporte: Rude Esporte Bretão.
Peça de teatro: Psicodrama Sacramental do Oprimido.
Autor: Professor Thimpor.
Diretor: Nora Drenalina.
Ator: Professor Thimpor.
Atriz: Nora Drenalina.
Mulher Inteligente: Qualquer uma que faça Uma Avaliação Secundária Individual.
Homem Inteligente: Aquele que tenha uma Realidade Abstrata e Subjetiva.
Motivo de orgulho: Eu, assim meio de lado, pareço um retrato-falado.
Motivo de arrependimentos: Aspirações Prioritárias Reais.
Animal doméstico: Ornitorrinco.
Animal Selvagem: Demi Moore.
Guru: Professor Thimpor.
Mito: Marlom Brando, dos magros.
Que artista gostaria que pintasse o seu retrato: Qualquer um com Resistência Hedonista Culposa.
Pior pergunta que já lhe fizeram: Esta.
Pior resposta que já deu: Todas.
Mulher elegante: Demi Moore.
Homem elegante: Professor Thimpor.
Homem bonito: O que tenha uma Crença Mágica no Sobrenatural.
Mulher bonita: Demi Moore.
Livro de cabeceira: Lista telefônica de Tóquio.
Ópera: De arame (farpado)
Símbolo sexual: A irmã da Demi Moore.
Superstição: Nunca sair de casa sem a foto de Demi Moore.
Livro: Lista de Endereços de Praga.
Filme: Tarzan e a natureza Cosmológica Monoteísta.
Inspiração: Demi Moore.
Um livro: William Blake, que enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da Igreja Anglicana e do estado. Qui! Qui!
Transpiração: Visigoda
Programa de TV: “O Homeostático Infernal”.
Qualidade: Feedback Supercorrigido.
Defeito: Cérebro Entrópico.
Fobia: Todas.
Tara: Demi Moore.
Vexame: Tirar bispo pra dançar.
Presente que gosta de dar: Parâmetros Biônicos.
Presente que gosta de receber: Listas Telefônicas.
Não pode faltar na sua geladeira: Motor.
Desenhar é: Correr o risco.
Um cartum: O Homem peidando na Lua.
Uma caricatura: Manoel Carlos Karam.
Curitiba: Uma ilha cercada de Jaime Lerner por todos os lados.
Psicanalista: Rogério Dias.
Melhor momento profissional: Antes, agora e depois.
Dica contra o tédio: Demi Moore.
Dica contra a solidão: Demi Moore.
Ponto Turístico: Gruta da Barreira (Itararé)
O que gostaria de fazer antes de morrer: Viver até o fim.
Como se acalma quando está tenso: Desligo a Repulsão Termo Magnética.
Mal do século: Fodido e mal pago.
Quem você levaria para uma ilha deserta: Demi Moore.
Quem deixaria lá: Rin-tin-tin.
Frase: O sonho acabou. Mas ainda tem cuque.
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Solda

Poema ao "Jesus Casado" de Itararé, Cidade Poema

Poetinha Silas Com 8 Anos, no Grupo Escolar Tomé Teixeira


Poema Para o Jesus Casado de Itararé



“Itarareense não morre
Vira andorinha...”



-Jesus Casado!
-Jesus Casado!
E aí, credo-em-cruz
Era palavrão para todo lado

Lá vem o Jesus Casado
Vestido maleixo feito Burt Lancaster depois da maleita

Todo finório na sua peregrinação cerrindo barulhanças
Arvorando acontecências para todas as crianças

Nasceu no mato
Vaga na cidade
Ora tão pacato
Ora na vaidade

-Jesus Casado!
-Jesus Casado!
E era um baita tropé
De fuzarca pra todo lado

Passava na Tribuna
Palavrear com o João
Tudo luzeiro, pimpão
Vindo de parte alguma

Lá vai o Jesus Casado
De volta para o Cerrado
Atrás uma petizada
Atentando, dão risadas

-Jesus Casado!
-Jesus Casado!
É a “mãe na zona”
Dizia ele, espandongado

Alguns andorinhas rueiros davam gorjetas
Outros davam feijão, pirão, pão, capilé, café
E ele saía todo trancham, lépido e serelepe

Pelas ruas do encantário que era Itararé
Chispando ... viajoso... feito um buscapé

Caipora – Lazarento
Xingavam em maroteio
Criticá-lo era o meio
De ouvi-lo violento...

-Jesus Casado!
-Jesus Casado!
E ele de curto pavio
Mandava à “p... que o pariu!... “

Um dia Jesus Casado finou, foi-se embora
Depressinha viajou fora do combinado
Levou-o Deus para a Sua sombra sonora
Para uma Itararé Celeste do outro lado

A terra-mãe ficou mais triste desde então
Sem o Jesus Casado nas variações da voação...


-Jesus Casado!
-Jesus Casado!
Ficou na lembrança
A bela infância do meu rincão
Itararé, Meu Reino Encantado

-0-

Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras
Cem Anos do Grupo Escolar Tomé Teixeira

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A Rua de Itararé, Texto de Pedro Almeida




A Rua (de Itararé)


Uma via de acesso que marca o espaço urbano de uma cidade.


Rua tem nome... Rua tem alma, porque ela conta histórias das pessoas da cidade que homenageiam seus cidadãos ilustres e as datas históricas que marcaram eventos.Os nomes das ruas são homenagens àqueles que de alguma forma contribuíram para o bem estar da cidade, do país.A rua marca a história, a saga de uma família, apesar do espaço ser o mesmo em que o cenário arquitetônico transmuta-se em outras paisagens no decorrer do tempo.Cada pessoa tem uma história familiar na rua onde moraram. Entre muitas ruas que marcaram a minha vida, rua 24 de outubro na cidade de Itararé, interior de S. Paulo, é a que mais me marcou.Por esses dia tive a oportunidade de caminhar por ela. Foi um momento impar na minha vida. Aproveitei curtir os momentos que a oportunidade me patrocinava na minha jornada nessa vida.Isso porque, no meu meio século de existência, fazia alguns anos que não voltava a minha cidade natal, e aproveitei para matar as saudades dos parentes próximos.Essa rua, particularmente, me traz recordações de um tempo que não volta mais, mas que consolidou minha personalidade, pelos eventos marcantes da minha vida que ali ocorreram.Eu lembro-me de quando chegávamos do interior do Norte do Paraná, depois de uma extensa viagem de Jeep com minha família.Itararé, quase divisa com o Paraná no interior de S. Paulo, a minha cidade Natal, era para mim a cidade grande; o moderno ali estava. O cinema da avenida S. Pedro, a Padaria do Marcondes da rua XV de novembro.Meu pai viajava com toda a família de Jeep por longas 10 horas pelas estradas poeirentas, que naquele tempo que não tinha asfalto nas estradas oficiais.A alegria de rever meus avós e meus tios, e primos era tanta que mal dormia naquela primeira noite de chegada. No dia seguinte, levantava-me bem de manhã para saborear um gostoso café com manteiga. O cheiro do café torrado, do pão feito em casa invadia as dependências da casa de minha avó.Logo após o café, eu ia para o jardim que ela cuidava com tanto carinho. O cheiro da tinta nas latas, o cal na bacia de barro, o perfume das flores, essa cena e os odores que dela provinham me situavam no lugar prazeroso de minha infância, a casa dos meus avós. Meu avô era pintor de paredes e, ao lado do jardim, ficava o depósito de latas de tinta e os pincéis que ele guardava para pintar as casas.Sentava-me no Hall de entrada da casa e ficava contemplando o céu.Após o café da manhã, eu ia para o Hall da entrada do casarão e, naquelas manhãs iluminadas, ficava absorto no cenário, um céu sem nuvens. Ficava ali com meus braços entre os joelhos, com as mãos sobre o queixo, contemplando os transeuntes e observandoA paisagem, enquanto aguardava meus primos para brincarmos de bicicleta, pega-pega esconde-esconde.O ritual da vaca amarela na hora do almoço, as brincadeiras no fim da tarde, a correria na praça à noite com todos os meus primos, que eram mais de treze, faziam a festa das minhas férias, tudo acontecia ali... Na Rua 24 de outubro.Por esses dias após muitos anos, tive a oportunidade de viajar para minha cidade natal e passei em frente da casa de minha avó. Ela não existe mais... No lugar do casarão, uma linda residência de alvenaria com portões eletrônicos, de acesso controlado. Mas, o fato de estar ali naquele local foi como se retroagisse no tempo.Assentei-me no meio fio, onde ficava o hall de entrada do casarão. Pousei meus cotovelos nos joelhos e coloquei as mãos no queixo, minha postura preferida no dia seguinte após a minha chegada na casa de meus avôs.Por um instante, fechei os meus olhos. Confesso que foram momentos devocionais, onde a imagem das cenas passadas me vinham a lembrança. Os meus pais e meu avôs, e a maioria dos meus tios já não se encontram mais em nosso meio. Apenas a memória daqueles tempos memoráveis, me trouxeram lindas recordações.Nesse universo macro de múltiplas cidades e avenidas iluminadas, existem ruas belíssimas nos grandes centros, mas especificamente essa que cito não se refere à beleza estética do espaço geográfico. Mas por mais paradoxal que seja, lá está o cenário mais belo. Estou falando de um pequeno espaço de dois quarteirões de uma ruazinha de uma cidadezinha do interior de S. Paulo, onde o que menos havia era beleza do contexto geográfico.Mais uma vez, lá estava eu na minha rua preferida, Rua 24 de outubro, assentado quase no mesmo local. Percebi que no intervalo de um paralelepípedo e outro, surgia uma flor minúscula que sobressaia-se entre as saliências das pedras. Sentado na esquina em que antes ficava situado a casa dos meus avôs, me emocionei ao contemplar as pedras de paralelepípedos quase que eternas naquele chão. Essas pedras são como couraças da rua. Novamente, estava ali na minha rua preferida.Era como se eu recebesse uma mensagem. Estava na rua mais linda da minha história.Estou falando da beleza dos momentos que ali passei. A rua da casa de minha avó materna me fez lembrar um tempo que desapareceu nos grandes centros. Um centro de convivência familiar onde havia sentido ser família.É a minha história, o início da formação de minha personalidade.A rua está lá, num espaço geográfico onde tudo aconteceu. Momentos lindos que marcaram minha infância e o início de minha adolescência.Percebi nos pequenos espaços que separavam as pedras uma das outras, uma tenra e minúscula flor vermelha que se sobressaia entre a graminha verde, que teimosa insistia a estar ali apesar dos pneus dos velozes veículos de nosso tempo. Eu ali... Sentado, quarenta anos mais tarde... E olhando aquela florzinha, é como se a rua me dissesse “a vida continua...”. Outras pessoas construíram a sua história e outras estão construindo na mesma rua, no mesmo espaço que foi palco de uma vida de uma numerosa família.A rua do picolé colorido, das pipas, da bolinha de gude, do triciclo. A Rua do Biju, do jornaleiro, a rua do leite e do pão fresquinho que o padeiro deixava na porta pela manhã.É impossível não se emocionar diante de um céu iluminado, diante de um cenário onde as cenas da minha infância se desenrolaram.Refleti nessas coisas sutis que a vida cria, e haveis de compreender então a razão por que os humildes limitam todo o seu mundo à rua onde moram, e por que certos tipos, os populares, só o são realmente em determinados quarteirões.Sem dúvida, o dia 30 de novembro de 2008 foi um dos dias mais felizes de minha vida. Foi um presente do acaso premeditado, pois fui parar na minha rua preferida para matar as saudades.Quantas coisas aconteceram ali. Vi os transeuntes, os moradores da rua... percebi dois garotos na calçada. A rua reiniciando a história na vida de outras pessoas.Parafraseando aqueles versinhos,“Se essa rua, se essa rua fosse minha,Eu mandava, eu mandava ladrilharCom pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes”Para o meu coração alegre sempre estar.Agradeci a Deus, pela vida dos meus avós, dos meus pais. Levantei-me e continuei minha caminhada. A vida continua...


A rua continua... Na sua missão sagrada, testemunhando e capturando as almas das pessoas que por ali viverem.


Autor: Pedro Almeida

Coordenador Nacional Ministério de Casais da Igreja Quandrangular

Breve Bibliografia Lázara Aparecida Fogaça Bandoni, Antologia Assim Escrevem os Itarareenses




Lázara Aparecida Fogaça Bandoni

A Professora, Escritora e premiada Pesquisadora de Historia, Lázara Aparecida Fogaça Bandoni, nasceu em Itararé SP.

Formou-se em Pedagogia, tendo se aposentada como Diretora. É diretora do Centro do CPP-Professorado Paulista Regional de Itararé, e Governadora do Distrito Elista 23 - Elos Clube de Itararé, entidade cultural filiada ao Elos Internacional da Comunidade Lusíada.

Promoveu diversos concursos de poesias de renome em Itararé, além de concursos de redações nas escolas da região, cujo sucesso permitiu a publicação dos livros: “Antologia Poética de Itararé” (1998) e “Defesa e Proteção da Amazônia”. (2008).

Teve seu trabalho, “Itararé na História”, premiado no II concurso “História do Meu Município”, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura - São Paulo, e editado em livro.

Faz em Itararé, oficinas de criação de poesias para jovens membros da comunidade discente. Promotora Cultural de renome, a Professora Lázara Aparecida Fogaça Bandoni escreve regularmente sua coluna no semanário Jornal Tribuna de Itararé, ali promovendo a cultura lítero-cultural da cidade, sendo a mais importante e ativa personalidade a bancar regulares eventos importantes que valoram a arte e a cultura de Itararé.

Currículo Maria Aparecida S. Coquemala, Antologia Assim Escrevem os Itarareenses




Maria Apparecida S. Coquemala

É professora de Língua e Literatura Portuguesa, especializada em Lingüística, e Pedagoga, formada pela PUC-Campinas, SP.

Como professora e diretora, trabalhou em escolas públicas e particulares. Autora de poemas, crônicas e contos premiados no Brasil e no exterior. Atualmente, é colunista de O Guarani, jornal de Itararé, cidade onde reside e dedica-se ao magistério particular e ao envolvimento com artes em geral.

Publicou “Naná e o Beija-Flor” (infanto-juvenil), “Círculo Vicioso”, “O Último Desejo” e “Além dos Sentidos” (crônicas e contos). Como co-autora, está presente em mais de 90 antologias. Entre as premiações conquistadas, destacam-se as:

-Universidade Federal Fluminense – UFF – RJ; Universidade Federal de Pelotas RS; Universidade Piaget de Portugal; Universidade Católica - PUC Pelotas RS; Universidade do Vale do Paraíba-UNIVAP
- Faculdade de Ciências e Letras de Taquara – FACAT-RS
- Rotary Clube Internacional- Faro - Portugal
- Academia Il Convívio – Sicília Itália.
- Livraria Adeptus - Cuiabá – MT
- Editora Paka-Tatu - Belém –PA e Editora Guemanisse Teresópolis RJ
- Secretaria de Cultura de Porto Alegre e Secret. de Cultura de Recife PE
- Secretaria de Cultura de Guarulhos e Secret. De cultura de Suzano SP
- Poebras- Goiânia GO e Poebras Salvador BA
- SESC - Uberlância MG
- Correio Brasiliense – Brasília DF
- Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias – Rio RJ
- Academia Catarinense de Letras - ACLA - Florianópolis SC
- União Brasileira de Escritores UBE Rio e Academia Barretense SP
- Academia Pontagrossense de Letras-APLA PR
- XIV FESERP- Aparecida PB e Academia Alace-Fortaleza- Ceará

Maria Apparecida S. Coquemala é a mais importante escritora a atuar em Itararé, promovendo oficinas com acadêmicos para estudos de teses de conclusões de cursos, extensões, especializações e mesmo mestrados.

Homenagem à Vó Beó de Itararé, Cidade Poema







sábado, 21 de agosto de 2010

Poema à Vó Beó de Itararé - Silas Correa Leite




GALERIA NOBRE
HOMENAGEM ESPECIAL

“VÓ BEÓ – IN MEMORIAM”

Um dia meu pai me oiô
E disse: Mo Fio eu vô
Tardiscá na Vó Beó.
De certo num entendi,
Pois eu era um guri
Piazote tentando a mó

Meu pai garrô a sala
Pegô chapéu e bengala
E um baita guarda-pó
Subiu a Djalma Dutra –
Que inteira cheirava fruta
E rameira com cipó,

E entrô num sobradinho
Pisano devagarzinho
Carinhoso inté dá dó.
Estranhô a gentarada
Suspirano na entrada
E oiano, eu penso só:

O meu paizinho cismô
Bem de mansinho entrô
E no peito fez-se o nó:
A Vó Beó – sua tia
Quietinha morta jazia
Entre flôres das mió.
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..

E quando eu lumbriguento
Descarço e baruinhento
Vinha vortando do Tomé,
Vi meu pai desceno e aí
Chorando meu véio eu vi
Mar se inteirano em pé.

Quando ele me viu curioso
Me abraçô – tão gostoso
Quar um naco de café,
Me acariciô de mansinho
E disse: óia, fiinho,
A tua vó, disse, inté...

Andemo a rua peirenta
Com a garganta sedenta
E o peito quase sem fé
Cortemo pelo pé de mamona
Entremo, e ele na sanfona
Suspirano ensaio um sol-ré. . .
E uma toada bem antiga
Daquela que a gente briga
Prá nunca acabá, na Sé
Foi tirano de fininho
E eu vi nos seus zóinho
Um brilho que era, e é

Um carinho triste, e tanto
Que agora já moço eu canto
Prá terra do leite e do mé.
Pois a vó Beó será querida
Prá todo sempre da vida
E por onde Deus quisé.

E eu (pobre) que nunca a vi
Nem tampouco a conheci
Prá dizer tudo o que é,
Só meu pai contava história
Na endoença da memória
Rebocano a chaminé.

E se era assim querida,
Hoje os dois deixaro a vida
Foram tê com São Garié,
E eu tomano chimarrão
Fico nessa judiação
Quar lua no igarapé

.. .. .. .. .. .. .. .. .. ..

E à meu pai e à Vó Beó
- Num cantinho onde estivé
Rogo por favô, um toró
Prá que eu assim, cotó
Vá com eles, entre os sapé
E lave minha fronte de Jó
Que só fica sofrendo qué
Chorando saudades da Vó
Da lembrada Nhá Beó
E do Nonô de Itararé

Poeta Silas C, Leite
Poesia extraída do “Auto do Itarareense”

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Teleco Sete Cordas, Poema Homenagem

Foto Teleco, Manoel Alonso Júnior
Boêmio Inesquecível de Santa Itararé das Artes



Teleco Sete Cordas

Poema-Homenagem, In Memoriam

Lá vem o Teleco com o seu violão
Dedilhando um belo samba-canção
Ao lado do Fernando Milcores
Harmoniza o ar com sua sinfonia

Teleco Sete Cordas foi parceiro do meu Pai Antenor
No conjunto regional da Igreja Cruzada
Também esteve solando o nosso chão de estrelas na boemia
De Santa Itararé das Artes toda emperiquitada

Teleco era tranqüilo, sereno, um grande amigo
Trazia uma serena candura consigo
Enquanto varava as noites Itarareenses
Nos bares o violão e a turma, a parceria
Com essa gente seresteira que queria
Passar o tempo; a fauna notívaga de Itararé

Lá vem o Teleco Sete Cordas
Com seu violão companheiro
Com seu jeito todo lueiro
Pontuando momentos e canções
Em bares cheios de gente alumbrada
Lá vai o Teleco dormir que é madrugada
A lua na noite de Itararé desfila alada
E ele vai recarregar a bateria
Para o forfé de um novo dia...

Um dia o Teleco parou com o seu violão
Foi tocar Chão de Estrelas pra Deus
E nos deixou com uma baita saudade até
Mas quando o vento de noite pinta o caneco
A gente acha que é o saudoso boêmioTeleco
Visitando o palco iluminado de Itararé

-0-

Poetinha Silas Correa Leite – Santa Itararé das Letras
Anos 100 da Escola Tomé Teixeira Em Comemoração
Entra Aluno, Sai Cidadão
– Site
www.itarare.com.br
E-mail: poesilas@terra.com.br
Blogue: www.portas-lapsos.zip.net

Poema do Guri Pobrinho




Poema do Guri Pobrinho


Como eu era um guri humilde, bem pobrinho
Nunca pude ir com os coleguinhas da escola
Para as excursões ao zoológico que eram caras
Nesses dias sozinho e triste em casa eu ficava
Enquanto meus amigos pro zoológico viajavam
E eu dormia... e ao dormir... então, sonhava

Eu estava comigo num zoológico incrível e lá
Logo dava de inventar meus próprios bichos
No escape-toleima da minha pueril imaginação
E era o Jacaré-Leão
O Super-Pato Laranja
Ou a Lagartixa-Verde-Ranho-Limão

Na minha cabeça, na minha mente
Às vezes o zoológico era pura diversão
À vezes lógico, mas muitas vezes não...
E toma Tamanduá-Jipe
Ou até mesmo Peixe-Voador
Quando não alguma Baleia-Flor

Nessa minha aventurosa misturança
Nos meus áureos tempos de criança
As irmãs reinando me achavam meio pancada...
Mas no outro dia de aula, a viajosa gurizada
Contava fuzarcas da viagem, da bicharada
Eu cara de tongo sonhador não contava nada

E toma Zebra-Bicicleta
E toma Tartaruga-Estrela
Quando não Tatu-Liquidificador
Decerto eu, para de alguma forma de salvar
Do meu próprio reino encantado era inventor

Quando a gente é pobrinho só resta o sonhar
Vive num encantário... na ilusão, a imaginar
Uma outra vida para sobreviver... escapar
E mesmo assim, nunca deixar de BRINCAR !
-0-

Silas Correa Leite – Santa Itararé das Artes
CEM ANOS DE TOMÉ TEIXEIRA NA EDUCAÇÃO
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sábado, 14 de agosto de 2010

Poesia e Música - Para Antenor Correa Leite, In Memoriam

Maestro Anbtenor Correa Leite






Poesia e Música

Quando faço PoesiaÉ o acordeão do meu pai que eu soloComo se um anjo com instrumento no coloFizesse-me verter versos de amor e de saudade
Quando escrevo versosÉ a música do bandolim do pai que tocoE sua doce memória harmoniosa invocoDesde a antiga infância e a minha mocidade
E assim os instrumentosDo meu pai eu exercito quando escrevoComo se a poetar eu pagasse o que devoNovidadeiro ainda em minha orfandade
Quando eu morrerMeu coração tambor parar de soarDeixem uma banda de música tocarNo inicio do portal da minha eternidade
Eu sei que o PaiNo céu com o acordeão espera por mimPorque em uma Itararé celeste além do fimSerá o reencontro de luz e de felicidade
E a escreverEu vou afinando a minha triste vida assimCom um violino, um diapazom, ou bandolimEstúdio de poesia tentando a musicalidade
-0-
Silas Correa Leite – Santa Itararé das Letras


Cidade Poema – Bonita Pela Própria Natureza

E-mail: poesilas@terra.com.br

sábado, 7 de agosto de 2010

Pai, In Memoriam de Antenor Correa Leite




Receita de Pai

Para a memória de meu Pai Antenor Correa Leite
E de meu Sogro Roberto de Passos Silva

Às vezes arteiro... Às vezes filósofo
Às vezes severo... Às vezes anjo
Às vezes sanção... Às vezes brincalhão
Às vezes quadrado... Às vezes artista
Às vezes saudoso... Às vezes futurista
Às vezes profeta... Às vezes guerrilheiro
Às vezes sonhador... Às vezes implicante
Às vezes músico... Às vezes pessimista
Às vezes amargo... Às vezes manteiga-derretida
Às vezes cobrador... Às vezes carinhoso
Às vezes pateta... Às vezes casamata
Às vezes poeta... Às vezes exigente
Às vezes pacificador... Às vezes errado
Às vezes roqueiro... Às vezes romântico
Às vezes solidário... Às vezes solitário
Às vezes ombro amigo... Às vezes emperrado
Às vezes palco... Às vezes janela
Às vezes referencial... Às vezes amargurado
Às vezes anjo da guarda... Às vezes hidrante
Às vezes perfeito... Às vezes inseguro

Como uma criança como um menino

Exatamente como um FILHO

-0-

Silas Correa Leite

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sagrado Coração do Grupo Escolar Tomé Teixeira de Santa Itararé das Letras



Sagrado Coração do “Tomé Teixeira”


-Levanta Guri! Tem Aula no Tomé!
Final dos Anos 50 em Itararé.
A mãe fervendo roupa no fogão com vermelhão
E eu já de bubuia com roupa humilde, cerzida
Saía pra constelação da escola; viajoso para a lavoura da vida
Aulas com a Mestra Jocelina querida.

Frio junino de rachar cachos de mamonas
O pai debulhando chão de estrelas na acordeona
-Vamos, vamos, se aprume depressinha menino
Teu destino
Está no ensino...

Lá saía eu serelepe com o par de congas de segunda mão
Olhar de bezerro desmamado, carente e pidão
Aprender a mais suprema lição.
-Bom Dia Querida Professora Jocelina
(Ela é própria ternura que de si mesma se ensina)

Verbos. Tabuada. Desenho. Geografia:
A pedagogia que era a mais portentosa harmonia.
-Oito Vezes Oito?
(Arroz com biscoito)
Eu, rimando, pensava – mas não dizia
E a professora bondosa era meiga, não ralhava
E a Cartilha Caminha Suave perene ensinava
Foi por aí que nasceu a minha primeira poesia
Certamente que muito pueril; e a mestra melhorava
Corrigia... incentivava...

Dia da Pátria, Dia do Índio, Dia da Árvore, Dia da Bandeira
-“Salve Lindo Pendão da Esperança...”
Nos tempos do Tomé Teixeira eu era muito criança
E uma escola como aquela era alumbrada e prazenteira.
-Quem descobriu o Brasil? – Perguntava a Professora na chamada oral
E eu hiperativo e espeloteado de presto berrava: Pedro Álvares Cabral!

A Professora Jocelina que fez o Poeta
O menino que teve a primeira mestra como um anjo em sua vida
Ensinar a Ler e Escrever é dádiva – e benção - de Deus
(São tantos os pergaminhos dos aprendizados meus)
-Á “bença” Professora Dona Jocelina Stachoviach de Oliveira!
-Deus te abençoe curumim, poetinha aluno do Tomé Teixeira!

Virou poeta; o menino tornou-se também por causa dela um escritor
Canta Santa Itararé das Letras muito além do céu distante do interior
“Minha Terra tem pinheirais
Onde canta o Sabiá Aristeu
E Tomé Teixeira o berçário
Que luz em minha vida acendeu!”

Cem Anos da Escola Tomé Teixeira, Centenário
Berço, ninhal, ponto de partida – encantário
Cem Anos no Historial da melhor Educação
“Entra Aluno, Sai Cidadão”
Patrimônio Educacional ilustre é
A Escola Tomé Teixeira de Itararé

“Pobre só tem uma saída/Estudar para ser alguém na vida”
“Quem não estuda/Não muda”
O Tomé Teixeira foi a escada para o céu, a minha providencial ajuda
O menino pobre aprendeu a pedagogia do afeto com exatidão
E sua louvação agora se clarifica muito além da adorada Itararé
Cidade Poema que sua aldeia nativa e terra-mãe ainda é
E assim, vitorioso, do fundo do seu coração
À primeira escola pede a benção:
-“A Benção Sagrado Coração do Grupo Escolar Tomé Teixeira”
As lições de amor da Mestra Alfabetizadora Jocelina são
Para muito além da constelação de uma vida inteira!
-0-
Silas Correa Leite

sábado, 31 de julho de 2010

Direito e Poesia




Direito e Poesia

João Baptista Herkenhoff – Direito e Poesia

A Poesia e o Direito são vizinhos. A Poesia engrandece o Direito. Só se alcança o Direito pelo caminho da Poesia.
O encontro do Direito com a Poesia nem sempre é fácil. Frequentemente ao Direito pede-se ordem. A Poesia alimenta-se da transgressão. Em muitos casos, entretanto, só se realiza o Direito pelas portas da transgressão. Que são os movimentos de desobediência civil senão a transgressão coletiva das leis? Foi essa a estratégia de que se utilizaram Nelson Mandela e Martin Luther King, na luta contra a segregação racial (na África do Sul e nos Estados Unidos). Que é, no Brasil, o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) senão a busca do direito à terra, ao trabalho, à sobrevivência, rompendo um suposto pacto social. Pacto social apenas suposto, não um pacto efetivo porque representado por leis protetoras de um pretenso direito de propriedade, interpretadas de maneira positivista pelos tribunais. Mesmo quando a propriedade não cumpre sua finalidade social, nas balizas desse pacto mentiroso tolera-se com indiferença o desvio.

Viva a liberdade dos poetas, no seu cântico:

“Nunca haverá fronteira na vida de um poeta. Sua bandeira é de luz, sua justiça é correta. Se errarem ele protesta.” (Silas Correa Leite).

Mas mesmo o Poeta, cuja missão deve ser o anúncio dos mais altos ideais, pode esquecer-se da vida que o rodeia. Quando há esse esquecimento, quando a Poesia não cumpre o seu papel, merece reprovação. E como é belo quando quem reprova o poeta é o Poeta, como nestes versos de um dos maiores a poetar em Língua Portuguesa:
“Ao ver uma rosa branca o poeta disse: Que linda! Cantarei sua beleza como ninguém nunca ainda! E a rosa: - Calhorda que és! Pára de olhar para cima! Mira o que tens a teus pés! E o poeta vê uma criança suja, esquálida, andrajosa comendo um torrão da terra que dera existência à rosa.” (Vinicius de Moraes).
Charles Chaplin, com sua profunda sensibilidade de Artista, puxa a orelha do jurista que se divorcia das angústias humanas: "Juízes, não sois máquinas! Homens é o que sois!"
Poesia é substantito feminino. Direito é substantivo masculino.
Há uma preponderante presença do masculino no Direito, a começar pela prevalência de homens nas funções judiciais. Só recentemente mulheres ascenderam aos tribunais, e mesmo assim, em total desproporção à presença de homens nessas casas.
Como escreveu Marita Beatriz Konzen,
“não há que se falar em estado democrático, enquanto não eliminarmos as gritantes diferenças sociais, dentre as quais, a desigualdade de sexos.”
A sensibilidade não é virtude exclusivamente das mulheres. Também os homens podem ser sensíveis, enquanto nem sempre as mulheres são portadoras de sensibilidade.
Mas, em termos globais, por critérios de totalidade, a Justiça seria mais sensível se abrigasse, nos seus quadros, uma presença mais significativa de juízas.
Utopia, Paz, Participação, Igualdade, Anistia são palavras femininas que apontam para o ideal de uma sociedade fraterna.
Racismo, preconceito, imperialismo, nepotismo, arbítrio são palavras masculinas que direcionam a sociedade para a exclusão e a injustiça.
O conselho de Eduardo Couture, dirigido aos juristas, deveria ser estampado nos fóruns: “Teu dever é lutar pelo Direito. Mas no dia em que encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça".
O conflito entre lei (com letra minúscula mesmo) e Justiça (com letra maiúscula sempre) é uma constante no espírito do Juiz.
Creio que deva prevalecer a Justiça.
Trabalhar com a pauta da lei para encontrar a Justiça é uma tarefa difícil.
Porém, por mais difícil que seja a tarefa, essa busca é obrigatória.
Reprovo, com veemência, a recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pretendendo que o mérito ou demérito dos magistrados seja aquilatado pelo ajustamento de suas sentenças à jurisprudência dos tribunais superiores.
Quem renova o Direito é o juiz de primeiro grau, rente à vida.
Só o juiz de primeiro grau pode auscultar o ser humano, da mesma forma que só o médico pode auscultar o coração e o pulmão do paciente.
Os tribunais, como disse Eliézer Rosa, são sempre tribunais de ausentes porque nunca têm diante de si pessoas, mas apenas autos, papéis, argumentos.
Só a contemplação pessoal dos rostos e dos dramas humanos, que transparecem nesses rostos, pode permitir ao juiz humanizar a lei, ou seja, fazer com que a lei suba às esferas da Poesia.

João Baptista Herkenhoff, Juiz Aposentado é Livre-Docente da UFES e Professor pesquisador da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha.
E-mail:
jbherkenhoff@uol.com.br
Homepage: www.jbherkenhoff@uol.com.br