sábado, 24 de setembro de 2011

Gente Pobre: Primeira Obra Prima de Dostoievski












“Gente Pobre”, Primeiro Romance de Dostoievski
A marca do gênio já no nascedouro literário




Silas Correa Leite




"Gente Pobre" é o romance de estreia de toda a importante obra literária de Dostoievski, e que o revelou de imediato como escritor de grande futuro, inaugurando um estilo introspectivo-psicológico sem igual até o seu tempo histórico.

“A vontade de escrever é tão forte quanto a aversão pelas palavras.
Odiamos as palavras porque demasiadas vezes encobrem o vazio
e a vileza. Desprezam as palavras porque empalidecem diante da emoção
que nos atormenta. E, no entanto, outrora, a palavra significava dignidade
humana e era o melhor bem do homem – um instrumento de comunicação
entre pessoas” - Gustaw Jarecka



O romance Gente Pobre, escrito quando Fiodor Dostoievski tinha apenas 25 anos, é um poderoso livro de crônica social e entreditos, marco de um início que seria uma carreira literária retumbante. Duas personagens centrais, um humilde funcionário público e uma costureira que trocam correspondências entre si. “Jovem Dostoieviski: a síntese da arte e da verdade” (Bielinsk). Uma caracterização da pobreza à moda russa, daqueles tempos tenebrosos muitas vezes depois retratados com outras tantas tintas. Em São Petersburgo, os problemas diários relacionados com a habitação, a comida e o vestuário, e todo o sombrio entorno decorrente clarificado na obra marcada. O frio e a frieza de uma sociedade que ignora os pobres. Crítica social contundente, comendo pelas beiradas narrativas. Segundo alguns historiadores, uma das obras que mandou o autor para a cadeia siberiana.

Obra aparentemente sentimental, num entender primário que seja, em narrativa que propositalmente parece ser de simples crônicas, feito trocas de cartas (sentimentos, sonhadores, gente pobre; tristezas retratadas com primor), entre Makar Aleksieivitch, servidor público, e Varvara Aleksieievna, órfã desonrada – mais o subsolo da vida, inflexões, inquietações; a intimidade sagrada da penúria compartilhada. O miniobscuro retratado por miseráveis anônimos, essa gente miúda, anômalos, entre minitristezas, desavessos, a quase ralé no subúrbio de uma São Petersburgo. Cartas-janelas abertas entre escombros de sombras, zombarias, desprezos, toda uma obscuridade material. A agudeza de percepção já então determinante.

Gente Pobre é o inicio do ciclo literário geral de Fiodor Dostoievski (Noites Brancas, Os Irmãos Karamazov, 1879), o maior escritor do mundo de todos os tempos. Eram os 25 anos de um gênio então já se apurando na escrita, despertando assim, para sentir seu tempo e as humilhações da época, desesperos; um olhar sobre todas as coisas da sofrida gente. E ainda as citações: O russo, o mais rico dos dialetos eslavos, porque se conhece sua origem (Mikhail Lomonorov), “a riqueza, a expressividade e a concisão do latim e do grego”. As anotações do exímio e cult tradutor Luis Avelima (que também é poeta, escritor, jornalista e já traduziu François Villon, Henri Lefebre, Aristófanos, Mikhail Bulganov) à guisa de apresentação, enriquecem em muito o historial datado da obra, agora em primorosa nova edição (lançamento comentado por Manuel da Costa Pinto na Revista São Paulo, da "Folha de São Paulo") da Editora LetraSelvagem.

A “alma” das dores reinantes. A “alma” dos medos. A “alma” das inquietudes. A humanidade de seu tempo caprichosamente retratada desde a repartição pública viciada, à espelunca encardida frente a uma humilhação sobrevivencial. Vítimas preenchendo espaços do cenário literal. Gente Pobre é o retrato dessa gente humilde que nutre as injustas sociedades e são a verdadeira “alma humana” delas todas, de todos os vieses, tempos e ideologias multifacetadas. O humanismo possível? “Apesar de tudo, é verdade que tais homens (...), homens de peso, só existem na Rússia(..) Têm a verdade de seu lado, e esta e o bem triunfarão sempre sobre o vicio e a maldade” (Nascimento de um Escritor/1877, Diário de um Escritor, Dostoievski).

É claro que não seria um livro com o feitio criacional de Fiodor Dostoievski se uma carga psicológica - implícita ou não - não carregasse as tintas das personagens retratadas com especificidades contundentes, onde os seus passados pessoais se misturam com os seus feitios e reações, sequelas até. Frederico García Lorca já tinha se manifestado sobre o maior escritor do mundo depois reconhecido: “O insigne escritor russo, Fiodor Dostoievski, foi muito mais pai da revolução russa do que Lênin”.

Gente Pobre é o romance de estreia de toda a importante obra literária de Dostoievski, e que o revelou de imediato como escritor de grande futuro, inaugurando um estilo introspectivo-psicológico sem igual até o seu tempo histórico. Baseado na correspondência entre duas pessoas extremamente pobres que se amam numa relação terna mas infrutífera, sem perspectiva de consumação, um platônico de beijar paredes, para lembrar Clarice Lispector. Triste narrativa pungente da condição humana em torno desses dois personagens, como vítimas de fatalidades da vida numa sociedade onde poucos conseguem realmente sair do ramerão, e onde muitos se movem numa crueldade austera entre si, forçadas pelas inóspitas condições em que vivem. Makar e Varenka vivem um amor idílico ensombrado pelo que os circunda (Makar é muito mais velho que Varenka), agravando as suas próprias condições a um nível desesperador e quase doentio, mas sempre com alguma perspectiva de esperança fundadas em ilusões muitas das vezes patéticas, algo falsamente ingênuas, ilustrativas, no entanto, ao alcance do coração humano que tudo pode sonhar, sem se importar com as verdadeiras condições em que se encontra, principalmente nessas condições por assim dizer desprezíveis. A percepção no delinear a realidade que então sentia, pensava e proseava sobre. Aguda consciência de seu tempo percorre as narrativas trocadas...

O retrato social das camadas pobres de São Petersburgo em meados do século XIX, numa sociedade agonizante em que até os diferenciados sobrevivem em condições de penúria, então retratados de forma realista com episódios e personagens reveladoras dos desesperados e dos sem recurso, quase párias. E você vendo esses tempos atuais repetindo o passado, com quadros de dramas sociais e individuais, mais as vítimas de burocracias, desgraças várias, e também o egoísmo ou despotismo, próprios do ser humano pouco ser e ainda muito pouco humanus. Nada mudou. Nada mudará? O que foi será de novo, o que foi erração continua sendo, e o devir ainda é sombrio como as noites da Rússia de antigamente. A sustentação da narrativa do autor, situação de questionamento tácito, compreender quase o invisível... nas arestas do sobreviver de cada parte evocada em situação de penúria existencial. Próprio de gênio.

Dostoievski: a sentença de ser grande desde o começo. O preço de. A sina de ser genial. O destino de ser considerado para muitos o maior escritor do mundo, um mito que, já em Gente Pobre, vai revelando o artista comprometido com a causa humana: de retratar a sobrevivência possível, a alma humana respirando as sofrências pela perspectiva da esperança como inteligência da vida. Dostoievski compreendeu mais a alma humana do que a própria alma humana compreendia a si mesma. Escrever, criar, revela a nossa própria alma, disse Demétrio. Com Dostoievski a lucidez então emergente no achadouro de entender as essências do subviver, a flor da consciência, o território da contemplação, restaurando nos quadros narrativos a própria busca da dignidade humana. O dialogo entre pobres seres solitários, na miserabilidade pungente de vidas efêmeras, entregues... a consciência da incompletude e a ciência que não há final feliz no dezelo humano...

Acima de toda a desgraça e pobreza adjacentes, sobrepõem-se as poucas alegrias que justificam a existência e todas as mágoas dela decorrentes, quando momentos sonhados aparecem lampejos cruciais de que os outros não são assim tão maus quanto parecem, tentam sobreviver com as amarras decorrentes do custo de estarem vivos. A história de amor não acaba de forma feliz nem infeliz. Não há felicidade ou infelicidade, e sim de uma forma realista que dá ainda mais valor ao romance, com amor e momentos sublimes de pura emoção descritos de forma única, como se não terminasse, sim, talvez até se prolongue através dos tempos, com as vítimas da realidade e dos acontecimentos que forçam os destinos e acabam destemperando momentos e artes, fugas e desencontros, incompletudes e impropriedades. A realidade da vida retratada com maestria e a sabedoria de ter um olhar que paira sobre a triste condição humana, desde esses remotos tempos.

Em resumo: a história que se passa num dos bairros miseráveis de São Petersburgo, onde um funcionário de meia-idade vai trocando correspondência com uma jovem costureira que é na realidade a sua vizinha admirável, parece simples assim, triste assim, resgatadora enfim, mas traz o humanismo de coragem, a esperança sustentadora, o retrato de ser simples com contundência. Sim, pobres para se casarem, o amor passa todo por estas cartas onde contam um ao outro os pequenos acontecimentos do dia-a-dia, e onde relatam as suas vidas sofridas, refletindo individualidades quase insignificantes pela miséria, como cartas marcadas de um jogo perdido, como a própria história que é remorso, e que retrata sim, essa GENTE POBRE, que só sobrevive quando uma alma criativa se debruça sobre ela, retratando, dando prismas cênicos, fazendo chorar, tocando corações e mentes, debulhando um ramalhete doloroso de lágrimas e feições humanas, até porque, afinal, por triste que seja, ao término da leitura do clássico Gente Pobre, você fica com um sentido vazio, um gosto de quero mais, de idílio interrompido, uma tristice pegajenta, um cismar amargo, compreendendo que, sim, em toda vida-livro-aberto, há o imponderável “final feliz” em que todos morrem.

A arte vale a vida, o sentido da vida? Nesse caso, ficou a obra inaugural, um marco, feito o autor depois reconhecido mundialmente e consagrado, e ainda o inevitável e triste retrato da penúria de seres que se entrelaçam mas não se consagram, e nem na verdade consumem o amor que é mesmo sempre por isso quase por um triz.

Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Poema Para Thiago Frederico - EM NOME DO FILHO









EM NOME DO FILHO

“Às vezes o importante não é encontrar
o nosso “Eu” interior, mas acordar o
nosso “Nós” coletivo...”

Outro Poema Para o Meu Filho
Thiago Frederico Alvim Correa Leite


Ah meu filho THIAGO FREDERICO, terás que me perdoar!
Não te carreguei no colo, nem troquei tuas fraldas
Sequer corri atrás de tua febre auroral, ou te ensinei minhas malucas canções tristes de trilhas desumanas
Sequer brinquei de bolinha de gude ou pipa contigo
Nem contei histórias para que dormisses em paz
Porque a vida me levou de ti e eu fiquei órfão de filho...

Na noite escura de minha alma, eu pobrinho também sofri
Lutei muito para conseguir um lugar ao sol sem sol
E quando a vida nos apartou; eu fiquei à margem do caminho...
E a vida também te magoou tanto, te cobrou demais, e agora me apareces assim
Como uma luz de emergência no meu coração partido; o bendito filho...

O que fizeram de ti? O que fizemos de nós? As ruas da amargura...
E a culpa dos pais; que não soubemos de cuidar, e agora ouço
Meu coração amargurado tentando reconstruir esses caminhos, porque o encontro
Teve uma asaluz que pela mão de Deus intermediou esse retorno
Para um pai saudoso, doente e ainda mais triste; que não sabe o que fazer de abraços perdidos, dos cálices de ausências
Porque em nome do Filho de Deus retornas e temos
Que resgatar essas lágrimas, essas feridas, entre abraços e a consagração do amor como o melhor milagre, o melhor remédio...

Passei a vida inteirinha escrevendo poemas-filhos
Lidando com alunos-filhos; sobrinhos filhos... E nos poemas
Divaguei sonhos, cantagonias, errações; plantei canteiros, e agora me apareces
E sei que posso te tocar, te dar o afeto que se encerra no meu peito
E seguiremos sabendo que podemos contar um com o outro
Até finalmente um dia eu ser recolhido como sucata para ser reciclado e então me continuarás
E dirão que terás a minha cara, a minha coragem, o meu instinto de sobrevivência
E o meu senso agudo de clamar por justiça ainda que tardia
Como elos da mesma corrente que finalmente se encontram, se ligam e no amor e na dor terão que se sustentar um no outro

O abraço que não te dei: o amparo impossível pelos descaminhos do longe, muito longe
E agora te encontro e agora terei que tardiamente aprender a ser pai; terás que me ensinar, meu filho
A tirar as amarras de tuas tristezas, caminhar contigo, correr da chuva... brincar com meus velhos carrinhos quebrados
E com meus dinossauros que, como eu, decoram estantes vazias
Porque és meu filho, porque sou teu pai, e, Em Nome do Filho teremos que prosseguir juntos
Nas alegrias e nas tristezas, nas perdas e nos danos; duas almas tristes tentando barulhanças e contentezas
Porque a vitória com lágrimas é santificada na convivência de aprendermos um com o outro
Como ser e como não ser, para sermos pais e filhos
Ao lado de minha Musa Rosangela que também te acolhe e te abençoa com ternura maternal...

Ah Thiago Frederico; meu filho com nome de santo como diz a velha balada
Como eu queria que não fosse assim; eu seria um pai cobrador, chato, queria que estudasses, trabalhasses, que fizesses o melhor
(Os Corrêas tem essa luz e cruz: sobrevivem... e Vencem...)
E caminharíamos cada um pela mão do outro
Como temos ainda que tentar fazer agora; recuperar o tempo perdido...
Nunca é tarde demais – podemos reconstruir essa estadia unidos
Porque carregas minha alma nau; e minha vida fecha um ciclo, em ti e em teu nome se completa agora
E teremos que conviver em paz com isso... conviver ... conviver...
Pai e filho salpicados de lágrimas juntos novamente
Assim na terra como no céu
E seremos pais e filhos desaprendidos de serem pais e filhos
Que se completarão um no outro... que aprenderão um com o outro
E junto construiremos uma estrada de tijolos amarelos muito além de Itararé, muito além de nós mesmos
E nos fortaleceremos um no outro
A lágrima e a luz formando aquilo que teremos juntos e para sempre:
Um Lar!

-Você terá um lugar para chamar de seu
E eu finalmente terei de volta o sangue do meu sangue
(Entre suor e lágrimas) para chamar de

MEU FILHO...

-0-
Silas Correa Leite
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Bagué" - Alberto Bandoni Neto de Itararé




ARTISTA BAGUÉ Artista de Itararé, Chão de Estrelas, Santa Itararé das Artes MicroBiografia Artística: Alberto Bandoni Neto a.k.a. Bbandone, Compositor polivalente, performer multicultural pluralista e cineasta paulista, nascido em 1960 em Itararé, São Paulo. Radicado na capital paulista, onde teve uma formação eclética dentro de artes integradas: música popular e lírica, teatro, literatura e cinema.


Fez parte do quadro técnico funcional de artes cênicas do Centro Cultural São Paulo entre 1991 até 1997, ao mesmo tempo participou do Teatro do Ornitorrinco durante duas temporadas de “Sonho de uma noite de verão” e a primeira de “Comédia dos Erros”.


Teve atuação relevante como locutor e produtor do programa RADIOATIVIDADE na RadioUSP de 1987 a 1989, antes disso produziu e integrou algumas bandas no início da renovação do rock brasileiro dos anos 80, e, na mesma época fez parte do elenco da montagem especial da ópera “O Guarani” de Carlos Gomes, na reinauguração do Teatro da Paz em Belém do Pará.


A partir de 2000, além da atividade cinematográfica, também participa de várias ações colaborativas na internet, na criação de conteúdo, arte digital e desenvolvimento integral de websites. Contatos:


Email: bbandone@isitizi.net Web Site: http://www.aka.pro.br


domingo, 13 de março de 2011

CINZAS - DEPOIS DO CARNAVAL, Poema de Silas Correa Leite





CINZAS
DEPOIS DO CARNAVAL

-Depois do Carnaval
Nós nos sentimos tão de ressaca
Estropiados – talvez, sem máscara
No retorno à nossa vidinha merreca demais
De tentar parecer que somos “normais”

-Depois do Carnaval
Sem cerveja, fantasia, forfé
Já longe do Encantário, Itararé
A rotina do estudo e trabalho cotidiano
A esperar pelo Carnaval do próximo ano

-Depois do Carnaval
Com o Mestre Jorge Chuéri no Fronteira
Para a Festa de Momo nos divertir
Entre os Blocos Aliados da Cerveja, ou Shakesbeer
Porque além das Cinzas, precisamos prosseguir

-Depois do Carnaval
Samparaguai de novo engarrafada
Longe de Itararé, dura jornada
Jornada das Estrelas só mesmo em Itararé
Na boêmia, na seresta, no Carnaval, no tropé...

-Depois do Carnaval
Tirar a camisa do Bloco do Poetinha
Tão distante de nossa bela “Itararezinha”
E toma trabalhar... trabalhar... trabalhar
Longe de Itararé a vida é quase um não-lugar

-Depois do Carnaval
É sonhar com o Carnaval vindouro
Com a labuta nos arrancando o couro
Mas sabendo que o porvir será sempre, e é
Férias... Feriados... e Carnaval, em Itararé!
-0-
Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras
www.artistasdeitarare.blogspot.com/


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Poema Para o Maé da Pêdra - Primeiro de Abril em Itararé





PRIMEIRO DE ABRIL


In Memoriam do Maé da Pêdra





Primeiro de Abril em Itararé corria boatos.
Maé da Pêdra no Bar do Fecha Nunca
Deixava escapar em soluços:
-Morreu Tostão!
-Como foi? E a Copa do México?
-Acidente da Anchieta. Mulher e filhos.
Ás vezes para variar “matava” Noite Ilustrado, o Velho Lua
JK, Cauby Peixoto, e, às vezes, incorrigível.
Matava um conterrâneo famoso.


Era chegar Primeiro de Abril em Itararé nos idos de antigamente
E o Maé da Pêdra descia a Rua 13 de Maio
Chorando copiosamente feito um traste, um coió caipora
Como a “morte” do Vereador 2001 no lanço ranhento.
Cresci, fiquei brabo, calei a boca.
Fiz estágios (estragos) no purgatório dos incautos
Até que bendito dia de catar coquinhos
Alembrei-me do Maé da Pêdra
E perguntei para um amigo recém-inaugurado:
-Tem visto o Maé da Pêdra?
E o homem polaco de nome meio estrambólico
Caçou memórias virando o ford de melancias
Cismou com o rabo do zóio, estalou os dedos
E derramou; eternos segundos silenciosamente após:
-Maé de Pêdra morreu.


Quis brigar, quis xingar, quis chamar a “puliça”
(Na hora agá a gente chega ao extremo)
Mas depois, como uma pálida pipa creme desgovernada
Fiquei de cócoras e, coçando uma oxiurose imaginária menti pra mim mesmo:

-Primeiro de Abril!

-0-

Silas Correa Leite (Poema de 1978)
Santa Itararé das Artes, Cidade Poema – www.itarare.com.br
Blogue premiado do UOL: www.portas-lapsos.zip.net
E-mail: poesials@terra.com.br
Poema da Série Memórias da Estância boêmia de Itararé