domingo, 26 de dezembro de 2010

Entrevista com Silas Correa Leite, de Itararé, Cidade Poema





SUPERENTREVISTA Com o Poeta, Ficcionista, Romancista, Resenhista e Ensaísta, Silas Correa Leite, Escritor Premiado em Verso e Prosa – E-mail: poesilas@terra.com.br
Santa Itararé das Artes, SP, Brasil




SuperEntrevista: Como você começou a escrever? Quem lia para você ao principio?
Comecei a escrever mais ou menos entre seis e sete anos. Meu pai lia histórias, jornais, a Bíblia, era um maravilhoso contador de causos, desses de começar a falar e juntar gentarada, amigos, vizinhanças, passarinhos... e entre uma e outra toada brejeira no acordeom vermelho, lá vinham histórias...

SuperEntrevista: Qual é seu gênero favorito? Algum link onde possamos ver ou ler algo sobre sua obra recente?
Meu gênio número um é o Leon Tolstoi. Sobre meus trabalhos, vc procurando num buscador como o Google, vai me encontrar em quase 500 sites. Coisas atuais no
www.portas-lapsos.zip.net – pelo segundo ano escolhido um dos melhores blogues do UOL.


SuperEntrevista:Como é seu processo criativo? O que ocorre antes de se sentar a escrever?
Meu processo criativo é não ter processo criativo nenhum. Folha em branco? Assino embaixo, corro o risco. VC tb pode ligar três computadores, dar um tema para romance, um para microcontos ou contos infantis, um para poemas... ou qualquer coisa assim, que em horas vc vai ter centenas de páginas dos trabalhos que vc sugeriu o tema... Entre o escrever e o depois de escrever, o vazio, o nada...

SuperEntrevista:Que tipo de leitura ativa sua vontade de escrever?
Leio de gibis a Platão, de romances a jornais, humor, mas poesia é o meu fraco. Então, a vida – ou o horror da vida – me estimula (por assim dizer) a escrever. Eu escrevo como quem se livra da existencialização, delatando-a, contando-a, feito antena de minha época de horror... tempos tenebrosos...

SuperEntrevista: Quais são para você os ingredientes básicos de uma historia?
Não vejo assim, não curto isso; toda loucura é santa. Meus textos não se preocupam por isso... todo tema é luz, toda narrativa é palco, todos os ingredientes são humanos (humanos?), toda vida é um pé no sacro... Eu escrevo para me livrar do que penso/sinto/capto/crio... com meu lado lispectoriano... sentidor...

SuperEntrevista:Em que sapatos você se encontra mais cômodo: primeira pessoa ou terceira pessoa?
Gosto da primeira pessoa, porque me verto; mas em qualquer prisma, ou enfoque, intertexto que seja, passado, presente, futuro, mudando de cara e pessoa, vazo-me...

SuperEntrevista: Que escritores conhecidos são os que você mais admira?
Gosto do Guimarães, do Machado, do Érico, da Clarice, do João Cabral, da Hilda Hist, e dos estrangeiros entre o Tolstoi o Umberto Eco, o Ítalo Calvino, e outros, do Brasil atual o Scliar...

SuperEntrevista: O que torna um personagem crível? Como você cria os seus?
Meus personagens não existem. A minha loucura é que os tornam críveis, mas nem esse propósito tenho. Gosto de viajar na maionese, na batatinha, assustar com o que crio, fazer o mundo pensar ao me ler, como um ser humano seria capaz de escrever isso... Não crio personagens... eles que me recriam neles, eles que se criam por si mesmos... posso até escrever um romance sem personagem, ou oculto, ou de uma outra espécie imaginada... Não crio, eles se apresentam e se assuntam... entrincheirados de palavras e parágrafos, quando eu ponho pingos em dáblios...

SuperEntrevista: Você é igualmente hábil contando historias oralmente?
Fraco. Piadas, causos, talvez. Sou vencedor do Primeiro Salão Nacional de Causos de Pescadores (USP) de um causo que escrevi bem e que se contasse não ficaria tão bom... Eu mal me existo oralmente. Gosto mais de escrever do que de existir. Gosto mais de ler do que de respirar. Já pensou?

SuperEntrevista: Profundamente em sua motivação, para quem você escreve?
Escrevo para dar testemunho do eu fiz a partir do que a vida me fez de mim. Escrever está no meu DNA. Escrevo a resistência, a sobrevida, o entre-lugar do Eu de mim...

SuperEntrevista: Escreve como terapia pessoal? Os conflitos internos são uma força criadora?
Catarse. Onirismo. Terapia. Jorro neural. Essas coisas. Conflitos eu filtro... De onde vim, para onde vou, o que sou – se é que sou – tipo existir a que será que se destina... Força nutricional da alma nau...

SuperEntrevista: O feedback dos leitores serve pra você?
Muito pouco. Não escrevo pra isso. Gosto de elogios, adoro críticas, mas agora não tenho mais cura. Retorno é lustro no ego e só. Ainda vou assustar o mundo por escrever sobre coisas que ninguém jamais imaginou que um ser humano possa escrever a palo seco de existir... Existir? Corto os pulsos com poemas...

SuperEntrevista: Você se apresenta para concursos? Você recebeu prêmios?
Ganhei dezenas prêmios de renome em verso e prosa, em universidades até, até de microcontos em Portugal, consto em mais de 100 antologias em verso e prosa até internacionais, mas agora não participo mais de concursos... Passei essa fase. Acho que evoluo quando ovulo.

SuperEntrevista: Você compartilha os rascunhos de suas escrituras com alguém de confiança para ter sua opinião?
Eu mal tenho tempo de ler o que escrevo – mais de mil cadernos de rascunhos (logo devem ir pro Guiness Book) - que escrevo, vazo, detono, mal-e-mal leio e releio para publicar, correção, etc. Trabalho 12 horas por dia, 58 anos. Leva tempo levar e trazer coisas para opiniões...

SuperEntrevista: Você acredita ter encontrado "sua voz" ou isso é algo eternamente buscado?
Minha voz é: berrar é humano. É? Escrevo para testamentar que sim. Minha voz é minha ojeriza ao pântano da condição sócio-humana... A hipocrisia viça. Meu lugar não é aqui. Meu escrever é meu rastilho... Minha voz é um não estar num não lugar...

SuperEntrevista: Que disciplina você se impõe para horários, metas, etc.?
Escrevo o tempo todo, saco, sinto, olho, vejo, capto, antenas ligadas, sem obsessão, como se ganhasse a intuição, a percepção, até de ver o poema no ar (já escrito?) e simplesmente palavreá-lo...

SuperEntrevista: De que você se rodeia em seu escritório para favorecer sua concentração?
Fantasmas, memórias, cervejas, o lado sentidor do devir, blues, amendoim, tristices, e silêncio de doer no sentir...

SuperEntrevista: Você escreve na tela, imprime com freqüência, corrige em papel...? Como é seu processo?
Escrevo em folhas dos cadernos, ou direto na tela, e vai por aí o banzo-blues... Sempre corrijo até me matar de raiva de não ter mais tempo para refazer, corrigir...

SuperEntrevista: Que sites você freqüenta online para compartilhar experiências ou informação?
Mando para um monte de lugar, o Cronópios de vez em quando aceita alguma coisa... eu posto pelai nuns dez, mas já cheguei a postar em mais de trinta...

SuperEntrevista: Como foi sua experiência com editoras?
Péssima. Não acredito em editoras. Um mal necessário? Minha obra e currículo são melhores do que as editoras...

SuperEntrevista: Em que projeto você está trabalhando agora?
Acabando um romance louco tipo infanto-juvenil – mesmo que seja infanto-juvenil de loucos... Escrever é solo mas dói.

SuperEntrevista: O que você me recomenda fazer com todos esses textos que venho escrevendo há anos mas nunca os mostrei a ninguém?
Se enxergue. Desconfie. Re-escreva. Nunca vai estar bom, mesmo depois de estar bom. Eu que penso antes de pensar, não confio em nada assim. Tudo que está perfeito e acabado está podre, disse Brecht.

SuperEntrevista: Como você se define?
Um E. T. em dimensão/travessia errada...

SuperEntrevista: Qual é sua mensagem?
A minha mensagem é que todos têm que saber que o final feliz é que todo morrem...

SuperEntrevista: Sua biografia em quatro linhas:

Escrevo
Escrevo
Escrevo

Escravo

SuperEntrevista: Você publica seu trabalho na rede? Onde podemos vê-lo?
Melhor buscar no Google pelo meu nome. Tem até comunidades no Orkut, Twitter, e vídeos no YouTube. Pimenta no orkut dos outros é YouTube?

SuperEntrevista: Como nasce uma idéia? O que é para você a inspiração?
Tenho mil idéias. Escrevo umas e outras. Algumas aguardam paradas no ar a minha capitulação de escrevivê-las. E assim me ins/Piro.

SuperEntrevista: Que papel tem a tecnologia em seu processo criativo?
Tudo: sempre escrevi muito. A tecnologia facilita o monte, desconte, correções, arquivos, etc. Salva-me de mim.

SuperEntrevista: O que é arte?
Libertação do Ser de si.

SuperEntrevista: Em que circunstancias você tem as melhores idéias?
Na dor, na traição, na solidão, na hora de nossa morte. Amém ou Amem?

SuperEntrevista: Como você corrobora se uma idéia é boa?
Todas as idéias são boas. O que vc vai fazer delas que pode ser bom ou não.

SuperEntrevista: Três idéias criativas que você gostaria que tivessem sido suas.
Ah... milhares... talvez milhões... Infinitas...

SuperEntrevista: Quando e como você começou a ver você mesmo como artista?
Desde muito antes de nascer, acho. Depois guri. Depois a infância confirmou: miséria, fome. O que iria fazer daquilo? Material de trabalho. Juventude: lutas, utopias... Como contar a dor de ter sobrevivido? Pois é. Agora passando dos 50, muito acervo lacrimal. Do caso nasce o jazz?

SuperEntrevista: Por que tantos artistas e criadores têm personalidades voláteis?
Eu não me levo a sério. Quem se leva a sério carrega uma tromba.

SuperEntrevista: Você se considera pós-moderno?
Qualquer coisa assim.

SuperEntrevista: Como uma obra artística deve ser avaliada?
Não tenho medida. Quanto mais louca mais gosto. Deus deve amar os loucos?,

SuperEntrevista: O artista deve se reinventar a cada dia?
A si mesmo... Nova aurora a cada dia, como diria a canção da juventude...

SuperEntrevista: Que artistas você admira e de que maneira têm influência em sua obra?
Caetano, Machado, Charles Chaplin, Glauber, Drummond, etc.

SuperEntrevista: Qual é sua opinião sobre os subsídios públicos para a arte?
Acredito nisso. Vale a pena ver de novo?

SuperEntrevista: A arte autêntica é a arte necessária?
A arte visceral é indispensável...

SuperEntrevista: Você sofre ao se desprender de uma peça que tenha vendido?
Quando eu me livro de mim, perco lastro. Treino vôos?

SuperEntrevista: Ao comprar a obra, estamos mais que nada comprando o artista?
Estamos comprando almas, luzes...

SuperEntrevista: Para a arte não há guia. Como você sabe qual é a próxima coisa a fazer?
Nunca sei. Por isso me mantenho vivo e na luta... O devir me atiça...

SuperEntrevista: O que você acha de que grande parte das obras de arte contemporânea que os museus exibem seja de artistas que já faleceram?
Idéias historiais e vidas-livros

SuperEntrevista: Que papeis jogam em sua trajetória as figuras de marchante, representante, galerista, e intermediários em geral?
Sou anti-dinheirista. Se fosse pensar assim estaria podre de rico, Mas talvez tb mais podre... Sou amador depois que crio.

SuperEntrevista: Que tipo de encomendas você costuma receber?
Prefácios, orelhas, formatações, resenhas, ajudas em teses, em tccs, etc. Trabalho é treino.

SuperEntrevista: Qual de seus trabalhos é o que você mais gosta?
Poesias.

SuperEntrevista: Você coleciona algum objeto?
Sim: não há sensação no esquecimento...

SuperEntrevista: Endereços web, uma por linha
www.itarare.com.br/silas.htm
www.campodetrigocomcorvos.zip.net
etc.

SuperEntrevista: O que você aconselharia aos escritores iniciantes?
Sofram e apareçam. Mereçam-se. E nunca saiam de si. E se saírem, jamais caiam em si.




http://oliteratico.webnode.com/news/literatico/

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