quarta-feira, 29 de julho de 2009

As Ruas de Itararé (Paralelepípedos)




As Ruas de Itararé (Paralelepípedos)



Para a Poeta Dorothy Janson Moretti



As ruas de Itararé, como cacau quebrado
Paralelepípedos vítreos lado a lado
Sob o céu jade um belo luar prateado
-E o nosso encanto, que é imensamente

As ruas de Itararé; pétrea cor de grafite
Caso você as orne, sinta, colha, fite
O alumbrado coração em poético convite
-Dirá o eterno amor, que tanto sente

As ruas de Itararé, sob o céu noturno
Na solidão de um espírito soturno
E o anjo acendedor de estrelas no turno
-Como amanhã, hoje, antigamente

As ruas de Itararé, mosaico do rincão
E as pedras como metáforas no coração
Porque cada magma é uma recordação
-De uma alma que é saudade, ausente

As ruas de Itararé são sempre assim
Luar, boêmios; vento solando um bandolim
Porque ser de Itararé é muito além do fim...
-As ruas de Itararé são eternas dentro da gente!
-0-
Silas Correa Leite
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Blogues: www.portas-lapsos.zip.net
www.campodetrigocomcorvos.zip.net

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dia Letivo de Leitura Generalizada na Escola

Silas Corres Leite Palestrando na Universidade de Palmas, Paraná




Dia Letivo de Leitura Generalizada na Escola


Para os Amigos Educadores da Rede Pública de Ensino




Ler muito para ter idéias polidas
Ler para dar sentido às palavras da tribo humana
Potencializar a vida lendo muito e assim acabar sendo muito
Leitura é música pro espírito
Ler é instaurar uma nova realidade na pessoalidade




Projeto de Leitura Organizada na Escola


A escola toda vai parar pra LER! – Sim, com planejamento idealizado pela coordenadoria pedagógica, direção e corpo docente, além das naturais trocas de experiências pessoais direcionadas para esse contexto letral, e, o bicho vai pegar; quero dizer: seremos todos pegos pela Leitura, pelas palavras. Já pensou?Todo mundo na unidade escolar vai parar e ler. Do porteiro a Diretora. Que beleza de paralisação para adquirir conhecimento e cultura a partir da literatura. Alunos e professores, principalmente, vão ler por excelência e com enorme prazer de. Cada um lendo – e pensando o “LER” - como exercício laborioso de evolução em todos os sentidos. Ler e refletir sobre. Ler gostosamente mesmo. Na bucha. Cada pessoa vai ler e ainda vai ter que indicar aos quatro ventos que belo livro está lendo. De preferência romance, clássico, obra-prima. E vai ser tudo devidamente registrado desde o ler, o projeto e o andamento em si, a estrutura funcional dessa idéia encampada por todos, as resultantes até e os finais felizes, claro, avaliando o projeto em curso corrente. Ler pra valer. Vai ter uma incentivada prática pedagógica para esse fito, numa inicial didática de cooptação, encantamento – vivificação da leitura - horizontes provocados para o dia todo especial do Verbo LER. Todos serão contemplados nesse encorajamento generalizado. Ninguém poderá relutar, alegar ignorância nesse propósito. Todos serão rigorosamente cobrados a ler e também a depor documentalmente sobre a leitura proposta. Falando a respeito do livro, do autor, do enredo, personagens, linha da história, isso antes, durante e no fim da empreita. Vai haver uma troca dessa magnífica “encantação” feito contações:

-O que você está lendo?
-Por quê?
-Vamos trocar depois?
-Depois que você ler você me empresta?
-Tem uma fila enorme de interessados na sua frente, Mano.
-Vamos ler o quê?
-Gostou? Gostou?

Documentando a Leitura Enquanto Projeto-Idéia

A escola iluminada e vestindo a camisa dessa idéia, pegando gosto, açodando comunicabilidades no entorno para fazer a coisa (idéia-projeto) funcionar pra valer, pegar andamento fácil. A leitura abrangida por pais e filhos e mestres. NINGUÉM vai ficar fora porque ninguém pode ficar fora. Leitura é isso. O aluno vai ser sondado, supervisionado, incentivado, induzido, facilitado para Ler. Vai ser literalmente desafiado, provocado, cobrado – examinado depois. Vai ser desperto na sua curiosidade e expectativa. Vale a pena. O aluno vai ler e poder levar o livro. Depois ainda vai poder contar palha da sua “leção”. Fazer uma auto-avaliação competidora mas, sempre salutar. Fazer um trabalho, como um rap, um rock, uma balada, uma história em quadrinhos, uma grafitagem, uma foto-mostragem, tudo a partir do Dia de Leitura na Escola. Contar o que viu do que leu, o que gostou do que leu, o que pensou do que gostou, o que tirou disso tudo. Já pensou? Depoimentos registrados em livros, fotos, gravações e outras mídias e infovias, até mesmo um site como fórum pode ser criado. Vai ter que dizer o que tirou desse precioso tempo que ganhou lendo muito e bem um bom livro.

-Cara, que livraço.
-O meu tá meio devagar, quer trocar?
-O meu livro eu não empresto, não cedo, não deixo ninguém botar a mão ou o olho. Acabando de ler vou reler.
-Mano, tem cada coisa louca na história.
-Estou assustado. Como é que eu não li esse livro antes, tá ligado?
-Ler é o maior barato.

Ler Para Ser...Ler Para Ver...Ler Para...

Dia de Leitura na Escola. Fazer o aluno prever o ler, sacar os lances, pensar como o autor, pensando o ler, criticando o ler, avaliando o ler. Criar coragem pra ir fundo. Gostar de ler é quase uma sabedoria, uma descoberta, uma viagem. Então é preciso pensar atividades nesse LER: fazer o aluno bolar o seu pessoal e intransferível “marcador de livro”, para nele também anotar em que página parou – para continuar a leitura depois ou mesmo, claro, fazer uma revisão em eventual dúvida de acompanhamento da leitura – anotando também as frases legais, o nome da personagem principal, o cara bom; se há um tipo ruim quais as características dele, o parágrafo marcante, poético, a idéia central e vai por aí o encorpamento pari-passu da leitura. Com final feliz e tudo mais, não necessariamente nessa ordem. Ler e pensando. Então, vamos começar? O inspetor de alunos, a tia da lanchonete, a Coordenadora, a merendeira, o pessoal da secretaria,

STOP!

Parada pra LEITURA. Como uma agitação lítero-cultural. Um “aleluia” de letras e afins, uma generalização de ler por atacado. Todos vão ter que parar as atividades e simplesmente ficar em silêncio, LENDO.

Leitura no Capricho

Numa caixa, propositalmente muito bem decorada (para chamar atenção mesmo), caprichadinha para atrair leitores em potencial, em sala de aula, vários títulos de quilate, pré-selecionados por quem é do ramo e adora ensinar, adora trabalhar com texto, adora historiar o conteúdo programático. Isso se o próprio leitor de per-si não escolheu especificamente e de próprio deleite a sua própria obra para literalmente encaixar no dia corporativo de ler. E na caixa os clássicos, os livros sobre mitos, lendas, fábulas, histórias ou causos, poemas, contos, mas, principalmente e acima de tudo romances importantes, novelas acima da média, maravilhosas. Tudo no estilo “ler para aprender a gostar de ler”, para o prazer de ler, um pé na poesia e outro na prosa. Vamos nessa?

Leitura individual? O projeto didático-pedagógico nesse processo de ensino-aprendizagem leitural, Como começar? Essa é a idéia-semente. O professor lê um trecho daqui e dali, pega leve, vai e volta, incentiva e cobra, fundamenta uma ótica. Todo dia dá uma dica, valora, promove, congraça, elogia, instrumentaliza o programa geral de ler com qualidade. Ler intensamente. Ler textos com densidade qualitativa. Faz uma pré-aula a respeito, só pra isso. Especial. Motivação e conteúdo específico. Obras e nomes. E aquele mais vendido? E o Prêmio Nobel? E o maior escritor brasileiro, qual é? Será? Faz preparações para facilitar a prática. Horizontes e contentamentos, belezas e resultados, técnicas e satisfações. Sem forçar, mas, cobrando. Direitos e deveres. A sabedoria vem a partir do verbo ler ou isso é só uma teoria? Vamos testar? O que dizem os especialistas do ramo. O interesse, o conhecimento, as habilidades; espaço e tempo alimentados de coragem letral. Tudo a LER?

A vida-livro. Páginas de rosto. Páginas abertas de vivências. O livro como suporte motivacional no aprendizado salutar constante. Edificador. Todas as matérias incentivando, cobrando, valendo-se de livros para trabalhar a próxima prova.

PARAR PRA LER

Botando a Mão na Massa

Carta de uma personagem do livro convidando o aluno para sabê-lo inteiro, pleno e edificante. Um herói, de preferência. Todos têm uma história para contar? Carta falando do projeto e convidando os pais a entrarem na dança. Carta do alunaço ao professor comentando uma passagem do livro. Que gostou ou que não entendeu. Trazer o romance para a sala de aula, jogar no ventilador das idéias para serem discutidas. Amou e foi amado? Deveria ter ficado na ilha? Jurou defender a honra? Cem Anos de Solidão? Cravo e Canela? Debates, seminários, a importância do projeto, da leitura, do livro, do escritor; a aquisição de conhecimentos e habilidades que advém da gostosa pratica da leitura como rotina. Fazer algum trabalho (arte, educação artística) que tenha a ver com o livro que adorou ler. Desenhos e imagens.

É tempo de Ler...

Uma vez por semana? Vamos colocar em votação, democraticamente. Todo santo dia em cada conteúdo-matéria com diretrizes, técnicas variadas, no correr do ano letivo? Trabalhos e textos – e aulas (a partir de). Trocar releituras. Provocar curiosidades. Leitura com qualidade, nesse espaço de troca que é sala de aula.

-Gostou do que você leu?
-Peguei gosto. Então era isso?
-Pô Mano, o herói morre no final...

O Que é LER?

Ler não é só isso. Ler não é só ler, é avanço, emoção, construção, técnica de refinamento íntimo, sensibilidade, aprimoramento interior, mental, prismas revisitados, ampliação de visão, colocar a alma para viajar. Tornar a LEITURA um caminho, uma mudança, uma sustentação vernacular, um desejo de crescer, evoluir, pensar melhor, mudar, votar, sacar as coisas. Quem lê mais vale muito mais? O livro aberto na escola, vai ser aberto em casa, no clube, na beira da piscina, no Metro, na praia. O livro vai abrir corações e mentes. A alma cidadã aberta para a leitura do livro espacial, modifica cursos, rumos, alvos e situações. Já pensou?

O Dia Solene da Leitura

O Dia de Ler é o dia letivo mais importante da escola. Dia solene. Respeito com o livro, o projeto, a turma que comprou o desafio. Tudo muito bem estruturado e valorado na própria funcionabilidade objetiva de ler. Tornar esse dia importante, fora de série. Pedir um pôster-poema sobre uma acontecência. Sentir com o aluno a data magna da leitura. Esse aluno lê muito, esse aluno vai longe. Saber colocar muito bem o enfoque do Dia da Leitura que começa em sala de aula, na escola, pode e deve incendiar em casa uma sustentação afetiva nesse sentido, passar para a biblioteca, um site de literatura, contos, romances, críticas literárias, depois o primeiro poema, a primeira letra de rock, a primeira carta de amor, o hábito fazendo o ledor voraz.

Todos por um. Cada professor ao seu jeito, estilo e método, tem que comprar essa causa, desfraldar essa bandeira. O mestre vendendo o peixe, ler junto e gostando – e dizendo do prazer de estar lendo ou relendo o livraço que adora – fazer sua parte & adorando fazer parte da equipe que bancou esse projeto. Ler alto. Ler com entoação, dando ritmo e claridade ao espírito narrativo. Pontuar bem, criar expectativa, mostrar a que veio. Colocar gás na aula de leitura. Promover o dia de leitura na escola. Fé no livro. Fé na cultura literária. Todos saem ganhando. Fazer acontecer. Dia letivo especial, de leitura de qualidade pra todo mundo.

O dia mais importante na escola vai ser quando todo mundo entrar e sair com um livro na mão, naturalmente. Sonhar pode? Leitura caprichada. Leitura incentivada. Leitura feliz e afetuosa, desafiadora que seja. Leitura livre e motivadora se for possível. Leitura com uma prática central, mas também um eixo reflexivo, norteador, no próprio letramento – e apreendências – do ensino como um todo. O que é ler? O que é um bom livro? Vá saber, lendo! Leitura, cabide de idéias? Olhai os lírios no campo! -Quem não gosta de ler é mané? - Abra o olho: LEIA. Viva o Verbo LER! Um LIVRO é um mapa e nenhum mapa tem uma só direção, disse Ricardo Piglia. LEITURA é quando a gente busca um circo dentro da alma da gente.
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Silas Corrêa Leite – Itararé, São Paulo-Brasil
Teórico da Educação, Escritor e Jornalista Comunitário
Pós-graduado em Literatura na Comunicação (ECA), Direitos Humanos e Democracia (USP) – Coordenador de Pesquisa da FAPESP-USP (Culturas Juvenis)
Prêmio Lígia Fagundes Telles Para Professor Escritor, CRE-Centro de Referência em Educação Mário Covas
Autor de Porta-Lapsos, Poemas, 2006, All-Print Editora (SP)
Autor e Campo de Trigo Com Corvos, Contos, Design Editora (SC) a venda no site
www.livrariacultura.com.br
– E-mail: poesilas@terra.com.br
Autor de O Rinoceronte de Clarice, e-book de sucesso no site
www.itarare.com.br - Obra indicada como leitura obrigatória na matéria Linguagem Virtual do Mestrado de Ciência da Linguagem, da Universidade do Sul de Santa Catarina e Tese de Doutorado na UFAL
Blogue premiado do UOL
www.portas-lapsos.zip.net

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Noite" - Microconto de Silas Correa Leite




Microconto:


Noite

Sentiu que estava sendo seguido. Seu instinto de sobrevivência ligou-o. Acionado o plug instintal, se encostou na parede de vidro fumê, e sondou o derredor. Alguém ou algo o espreitava em algum lugar. A rua, àquela hora da noite tinha becos, cortiços, lixões, guetos, tudo entre a sombra e a escuridão. Mas não teve medo. Devagar, seguiu andando. Estava pronto. Nunca estivera tão a ponto de bala para deixar de viver. Lentamente, horas depois que atravessou os quase cinco mil metros, chegando perto de luz farta, foi que se sentiu seguro e fora de risco. Então desatou a chorar. Aquela era uma bela noite para morrer.

Silas Correa Leite
Santa Itararé das Artes
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terça-feira, 7 de julho de 2009

My Way, Poema de Silas Correa Leite













My Way






Um dia você acorda e olha pra trás



E diz: eu não era nada.



E vê toda vida que fez do seu jeito



E pergunta: terá valido a pena?



Você acha que venceu na vida



Mas sabe: o que restou de você?



Talvez muito pouco ou quase nada



Daquilo: uma criança pura.



Um dia você cai em si e teme



O resultado: o que fizeram de você



A luta a dor, as amarguras e



Seqüelas: terá sido uma vitória?



Dentro do seu coração os sonhos



E as escuridões: são os poemas



Que você escreve porque tem medo



De se matar: morrer depois de tudo?



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Um dia você não quer olhar pra trás



E nem pra você: foge para a poesia.



(Na escrita há um tempo irreal



Uma ilhota íntima: você em você!)



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Silas Correa Leite