GALERIA NOBRE
HOMENAGEM ESPECIAL
“VÓ BEÓ – IN MEMORIAM”
Um dia meu pai me oiô
E disse: Mo Fio eu vô
Tardiscá na Vó Beó.
De certo num entendi,
Pois eu era um guri
Piazote tentando a mó
Meu pai garrô a sala
Pegô chapéu e bengala
E um baita guarda-pó
Subiu a Djalma Dutra –
Que inteira cheirava fruta
E rameira com cipó,
E entrô num sobradinho
Pisano devagarzinho
Carinhoso inté dá dó.
Estranhô a gentarada
Suspirano na entrada
E oiano, eu penso só:
O meu paizinho cismô
Bem de mansinho entrô
E no peito fez-se o nó:
A Vó Beó – sua tia
Quietinha morta jazia
Entre flôres das mió.
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
E quando eu lumbriguento
Descarço e baruinhento
Vinha vortando do Tomé,
Vi meu pai desceno e aí
Chorando meu véio eu vi
Mar se inteirano em pé.
Quando ele me viu curioso
Me abraçô – tão gostoso
Quar um naco de café,
Me acariciô de mansinho
E disse: óia, fiinho,
A tua vó, disse, inté...
Andemo a rua peirenta
Com a garganta sedenta
E o peito quase sem fé
Cortemo pelo pé de mamona
Entremo, e ele na sanfona
Suspirano ensaio um sol-ré. . .
E uma toada bem antiga
Daquela que a gente briga
Prá nunca acabá, na Sé
Foi tirano de fininho
E eu vi nos seus zóinho
Um brilho que era, e é
Um carinho triste, e tanto
Que agora já moço eu canto
Prá terra do leite e do mé.
Pois a vó Beó será querida
Prá todo sempre da vida
E por onde Deus quisé.
E eu (pobre) que nunca a vi
Nem tampouco a conheci
Prá dizer tudo o que é,
Só meu pai contava história
Na endoença da memória
Rebocano a chaminé.
E se era assim querida,
Hoje os dois deixaro a vida
Foram tê com São Garié,
E eu tomano chimarrão
Fico nessa judiação
Quar lua no igarapé
.. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
E à meu pai e à Vó Beó
- Num cantinho onde estivé
Rogo por favô, um toró
Prá que eu assim, cotó
Vá com eles, entre os sapé
E lave minha fronte de Jó
Que só fica sofrendo qué
Chorando saudades da Vó
Da lembrada Nhá Beó
E do Nonô de Itararé
Poeta Silas C, Leite
Poesia extraída do “Auto do Itarareense”
HOMENAGEM ESPECIAL
“VÓ BEÓ – IN MEMORIAM”
Um dia meu pai me oiô
E disse: Mo Fio eu vô
Tardiscá na Vó Beó.
De certo num entendi,
Pois eu era um guri
Piazote tentando a mó
Meu pai garrô a sala
Pegô chapéu e bengala
E um baita guarda-pó
Subiu a Djalma Dutra –
Que inteira cheirava fruta
E rameira com cipó,
E entrô num sobradinho
Pisano devagarzinho
Carinhoso inté dá dó.
Estranhô a gentarada
Suspirano na entrada
E oiano, eu penso só:
O meu paizinho cismô
Bem de mansinho entrô
E no peito fez-se o nó:
A Vó Beó – sua tia
Quietinha morta jazia
Entre flôres das mió.
.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
E quando eu lumbriguento
Descarço e baruinhento
Vinha vortando do Tomé,
Vi meu pai desceno e aí
Chorando meu véio eu vi
Mar se inteirano em pé.
Quando ele me viu curioso
Me abraçô – tão gostoso
Quar um naco de café,
Me acariciô de mansinho
E disse: óia, fiinho,
A tua vó, disse, inté...
Andemo a rua peirenta
Com a garganta sedenta
E o peito quase sem fé
Cortemo pelo pé de mamona
Entremo, e ele na sanfona
Suspirano ensaio um sol-ré. . .
E uma toada bem antiga
Daquela que a gente briga
Prá nunca acabá, na Sé
Foi tirano de fininho
E eu vi nos seus zóinho
Um brilho que era, e é
Um carinho triste, e tanto
Que agora já moço eu canto
Prá terra do leite e do mé.
Pois a vó Beó será querida
Prá todo sempre da vida
E por onde Deus quisé.
E eu (pobre) que nunca a vi
Nem tampouco a conheci
Prá dizer tudo o que é,
Só meu pai contava história
Na endoença da memória
Rebocano a chaminé.
E se era assim querida,
Hoje os dois deixaro a vida
Foram tê com São Garié,
E eu tomano chimarrão
Fico nessa judiação
Quar lua no igarapé
.. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
E à meu pai e à Vó Beó
- Num cantinho onde estivé
Rogo por favô, um toró
Prá que eu assim, cotó
Vá com eles, entre os sapé
E lave minha fronte de Jó
Que só fica sofrendo qué
Chorando saudades da Vó
Da lembrada Nhá Beó
E do Nonô de Itararé
Poeta Silas C, Leite
Poesia extraída do “Auto do Itarareense”
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