sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quando a Mãe Morreu (Eugênia de Oliveira, Itararé, In Memoriam)

A Mãe, Eugênia de Oliveira, em frente da casa em Itararé






Quando a Mãe Morreu


In Memoriam de Eugênia de Oliveira, 13.10.2010





Quando a mãe morreu
Meus amigos dizem que perdi muito do brilho dos olhos
Tudo o que lutei, conquistei, venci, abri caminhos... foi por ela.
Meus poemas ficaram mais duros, a amargura tomou conta do meu ser.
Senti meu espírito rasgado.
Recolho cacos, tento sobreviver mesmo sendo humanamente possível
Mas acho que muito de minha vida se foi quando a mãe morreu.
Meus amigos me socorrem como podem, abraçam, choram comigo
Minhas lágrimas agora são as minhas preces em memória de minha mãe.
Nasci com defeito de fabricação, não fui feito para perder mãe.
Não há peças de reposição na hora da morte. Perco horizontes.
Escrevo feito um guri correndo atrás de uma mãe que já não há.
Aponto o dedo para o céu, para as estrelas e digo... Lar... Casa... Mãe.
E se resisto é pelas pessoas que eu amo, e que ficaram.
A casa da mãe sem a mãe nem é mais um lugar de estar em mim.
Tento não vegetar, não perecer; luto pelos que choram comigo.
Mas é o momento mais triste de minha vida.
Escrevo como quem morre por falta de açúcar e mimo de Mãe.
Na barriga da terra-mãe Itararé espero ser depositado um dia
Ao lado de minha mãe Eugênia
Para que meu espírito atribulado possa então reencontrá-la e eu finalmente possa descansar em paz
Dessa triste existencialização que nos deu uma mãe e depois nos arrancou de nós.
-0-
Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
www.portas-lapsos.zip.net

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