quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quando Morreu, Poema


QUANDO MORREU
Para Bertold Brecht (In Memoriam)
Quando morreu o coitadoTinha profundas palavras impressas na pele da faceNada demais para um poeta anônimoDeixando o seu legadoDesmaiou sobre o tecladoA pele perdeu o viço - e o sangue seco impregnouAs marcas das teclas de algumas letrasE alguns captaram algoO poeta de-assim foiConvidado a se retirar com palavras no rostoSimbolizando que talvez continuariaVida e sensibilidade totalAinda no caixão roxoEntre flores, lágrimas e algumas cantorias rudesSeu rosto estava fácil de ler palavrasSem sentido, mas com vincosAnos depois de mortoForam tirar os ossos do cadáver já decompostoMas ainda havia nos legados os caracteresParecendo um milagreAqui e ali, nos vãosAs marcas impressas - que a terra confirmou bem(Um sobrinho já metido a poeta fezUm aquário para os restos)
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Ainda hoje se vê claro
As palavras entre a água - E a suspeição tristeDe que o pobre poeta anônimoInsiste em dizer alguma coisa
Silas Correa Leite
Itararé/SP

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