Crônica de Natal (1)
Bolsa de Mulher - Solo Musical em Prosa Lírica
Para Danuza Leão
Amanhã...antes de se preparar para ir ao analista, de pensar em parar numa butique e comprar uma bolsa nova de grife; antes de sair para o penoso trabalho fatigante, de ter que dirigir até a faculdade ver uma pendência velha; antes de se preparar vaidosamente para fazer uma importante entrevista difícil, páre um pouquinho. Sente-se calmamente na sua predileta poltrona confortável, no seu melhor espaço do lar, e, coloque para rodar o cedê que tem na seleção aquela maravilhosa música que você mais adora; que mexe com você, resgata você, traz o céu para dentro de você, coloca você de alguma forma mágica em algum lugar do passado, nalgum sítio vetor extraordinário como um milagre, fazendo a sua consciência neural viajar como se recebesse um favo de mel, como se entrasse em alfa, fazendo você se sentir iluminada e dentro do seu próprio coração. Já pensou? Sentiu o clima? Sintonize. Capte a idéia.
Beba a música, baby! Coma a música com afeição. Inspire-na como se ela tivesse vida própria no seu psicossomático. Esteja dentro dela. Deixe que a balada rica e bela e fluente entre por seus poros, todos os poros, aquilate seu espírito de guerreira, desmanche seus andaimes (de resistência à sensibilidade tão ferida) faça você sorrir como uma criança pura que alguma forma você ainda o é, ou faça você chorar como um bebê procurando colo de mãe e mingau de maizena, numa catarse de transformadora oxigenação, e então você, numa paz algo zen-tropical, possa se encontrar consigo mesma em alto astral, no mais profundo interior de si. Lave-se no embalo e eleve-se. Música Maestro!
Há um Deus!
Pode ser...que depois do caldo encantador de passar pela musicália dessa pelica divina; dessa seda espiritual, como uma espécie de purgação perenal, muito além dessa decantação tonificadora, talvez você não precise mais correr tanto, suar tanto, sofrer tanto, se exigir tanto, se cobrar tanto, se dar tanto, nem ter que provar nada pra ninguém; se aceitar assim mesmo pujante como você é, nem precisar mais ir ao bendito analista caro, nem levar flores ao cemitério da saudade, tampouco sofrer eventual azedume temporão ou mesmo hormônico por causa de crisálidas que não vingaram, nem perder precioso tempo com bijuterias mal resolvidas da depressão, nem perder horas e dias com neuras a partir de perdas fúteis, inquietudes vazias, sobressaltos bobos ou ilogicidades próprias de certas químicas sazonais femininas de meia estação. Bolsa de mulher?
Qualquer música...As Flores do Jardim da Nossa Casa. Memory. Danúbio Azul. Caros Amigos. Se as Flores Pudessem Falar. Esse Cara. Nabuco, de Verdi. Hey Jude, Elis Regina ou Elvis Presley. Alguma, qualquer música especial e edificante, há de mexer de forma extrema e saudavelmente doce com você, com seu inconsciente, com sua gaveta cheia de gravetos de falsas culpas, e fará você relaxar como uma nuvem de algodão xadrez, descobrir-se inteira e plena em sua própria posse, em seu próprio corpo, em seu próprio eixo, em sua própria luz. Ah se a mulher soubesse toda a força que tem, na alegria e na ternura, na batalha e no tricô, na graceza ou no pudim de leite moça.
Tudo é música. Não dizem que certas mulheres são tão sonoras quanto penteadeiras de ciganas?
Muito antes da espécie humana existir no tapete voador do espaço cosmonal, no canteiro divinal da terra, o solo das galáxias inundava o espaço sideral feito palco pluridimensional. A música atemporal dos ventos, das nuvens, das chuvas de meteoritos, das poeiras cósmicas. A música dos anjos cor-de-rosa anunciando a primeira reforma de Deus, após o molde número um em imperfeito Adão e a grande perfeição final em Eva.
A Música que você bem ouvir (e muito bem otimizar-se dela), aquela que você receptar inteiramente e mexer com você a partir dessa beberagem e degustação é a que você levará para onde for. Você não veio daqui e nem vai terminar aqui. Sacou ou precisa de um mapinha? Você será o instrumento depositário, portador e hospedeiro sagracial dela. Pegue o ritmo. Faça parte da orquestra sinfônica da natureza. Todo segundo de sua vida nesse plano é ensaio. Você não é amadora. Sintonize a sua sinfonia. Saque o batom mas também pegue o tom. E os metais.
Que instrumento você quer ser e parecer? Que caixa de ressonância você é? Música é vento, som, ar, soma. Entre a aritmética e o átomo. Seja uma trombeta, uma harpa, um bandolim medieval. Seja um acordeão vermelho, uma flauta transversal, um sinal sonoro de catedrais e círios celestes.
Sendo música você soará eternamente. A vida é um estúdio. Gravando. Olhe o que você tem na sua bolsa de mulher. Rocambole de lágrimas? Tortas de perfumes? Omeletes de esperanças com rímel?
Deus é Sol Maior. E escreve por cifras tortas, pautas etéreas, pausas milenares. Solos de silêncios. Preces e almas naus.
Você é Lá. Versos brancos?
Eu, por mim mesmo, sou duas notas musicais: Si...lás...
E há ainda o descontente que não cabe em SI. Desafinado.
Ou você nunca vai querer ser a baliza lá na frente do festival de corais, preferindo assim ser uma nota musical chamada Ré menor? Fá sustenido? Ou viver sem Dó?
Seja a música. Soe alto. Vibre fé. O dial da Rádio Eterna nem precisa de antena.Você capta no coração. Conecte-se. Tudo é música. Que partitura perdida sem própolis você é? Você é opus de Deus,
Leia meu poema ao músico:
“Todo músico é mágico/Todo pensador se sobressai acima do lótus da condição humana/E há ainda os versos/Que enriquecem rocamboles/De renúncias sublimadas/Viver não pode ser um desperdício/De espaço, massa, água, ar/Toda música quer cantar isso/Numa opus sublime, singular/Cabeça, tronco, membros/Melodia, harmonia e ritmo/Todo músico quer traduzir/A luz que o procura o espírito...”
Deus é Música!
-0-
Silas Corrêa Leite – Da Estância Boêmia de Itararé-SP, Brasil
Crônica da Série “Bendito Fruto, Causos e Acontecências”
E-mail: poesilas@terra.com.br
Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
Romance ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site
www.hotbook.com.br/rom01scl.htm
Bolsa de Mulher - Solo Musical em Prosa Lírica
Para Danuza Leão
Amanhã...antes de se preparar para ir ao analista, de pensar em parar numa butique e comprar uma bolsa nova de grife; antes de sair para o penoso trabalho fatigante, de ter que dirigir até a faculdade ver uma pendência velha; antes de se preparar vaidosamente para fazer uma importante entrevista difícil, páre um pouquinho. Sente-se calmamente na sua predileta poltrona confortável, no seu melhor espaço do lar, e, coloque para rodar o cedê que tem na seleção aquela maravilhosa música que você mais adora; que mexe com você, resgata você, traz o céu para dentro de você, coloca você de alguma forma mágica em algum lugar do passado, nalgum sítio vetor extraordinário como um milagre, fazendo a sua consciência neural viajar como se recebesse um favo de mel, como se entrasse em alfa, fazendo você se sentir iluminada e dentro do seu próprio coração. Já pensou? Sentiu o clima? Sintonize. Capte a idéia.
Beba a música, baby! Coma a música com afeição. Inspire-na como se ela tivesse vida própria no seu psicossomático. Esteja dentro dela. Deixe que a balada rica e bela e fluente entre por seus poros, todos os poros, aquilate seu espírito de guerreira, desmanche seus andaimes (de resistência à sensibilidade tão ferida) faça você sorrir como uma criança pura que alguma forma você ainda o é, ou faça você chorar como um bebê procurando colo de mãe e mingau de maizena, numa catarse de transformadora oxigenação, e então você, numa paz algo zen-tropical, possa se encontrar consigo mesma em alto astral, no mais profundo interior de si. Lave-se no embalo e eleve-se. Música Maestro!
Há um Deus!
Pode ser...que depois do caldo encantador de passar pela musicália dessa pelica divina; dessa seda espiritual, como uma espécie de purgação perenal, muito além dessa decantação tonificadora, talvez você não precise mais correr tanto, suar tanto, sofrer tanto, se exigir tanto, se cobrar tanto, se dar tanto, nem ter que provar nada pra ninguém; se aceitar assim mesmo pujante como você é, nem precisar mais ir ao bendito analista caro, nem levar flores ao cemitério da saudade, tampouco sofrer eventual azedume temporão ou mesmo hormônico por causa de crisálidas que não vingaram, nem perder precioso tempo com bijuterias mal resolvidas da depressão, nem perder horas e dias com neuras a partir de perdas fúteis, inquietudes vazias, sobressaltos bobos ou ilogicidades próprias de certas químicas sazonais femininas de meia estação. Bolsa de mulher?
Qualquer música...As Flores do Jardim da Nossa Casa. Memory. Danúbio Azul. Caros Amigos. Se as Flores Pudessem Falar. Esse Cara. Nabuco, de Verdi. Hey Jude, Elis Regina ou Elvis Presley. Alguma, qualquer música especial e edificante, há de mexer de forma extrema e saudavelmente doce com você, com seu inconsciente, com sua gaveta cheia de gravetos de falsas culpas, e fará você relaxar como uma nuvem de algodão xadrez, descobrir-se inteira e plena em sua própria posse, em seu próprio corpo, em seu próprio eixo, em sua própria luz. Ah se a mulher soubesse toda a força que tem, na alegria e na ternura, na batalha e no tricô, na graceza ou no pudim de leite moça.
Tudo é música. Não dizem que certas mulheres são tão sonoras quanto penteadeiras de ciganas?
Muito antes da espécie humana existir no tapete voador do espaço cosmonal, no canteiro divinal da terra, o solo das galáxias inundava o espaço sideral feito palco pluridimensional. A música atemporal dos ventos, das nuvens, das chuvas de meteoritos, das poeiras cósmicas. A música dos anjos cor-de-rosa anunciando a primeira reforma de Deus, após o molde número um em imperfeito Adão e a grande perfeição final em Eva.
A Música que você bem ouvir (e muito bem otimizar-se dela), aquela que você receptar inteiramente e mexer com você a partir dessa beberagem e degustação é a que você levará para onde for. Você não veio daqui e nem vai terminar aqui. Sacou ou precisa de um mapinha? Você será o instrumento depositário, portador e hospedeiro sagracial dela. Pegue o ritmo. Faça parte da orquestra sinfônica da natureza. Todo segundo de sua vida nesse plano é ensaio. Você não é amadora. Sintonize a sua sinfonia. Saque o batom mas também pegue o tom. E os metais.
Que instrumento você quer ser e parecer? Que caixa de ressonância você é? Música é vento, som, ar, soma. Entre a aritmética e o átomo. Seja uma trombeta, uma harpa, um bandolim medieval. Seja um acordeão vermelho, uma flauta transversal, um sinal sonoro de catedrais e círios celestes.
Sendo música você soará eternamente. A vida é um estúdio. Gravando. Olhe o que você tem na sua bolsa de mulher. Rocambole de lágrimas? Tortas de perfumes? Omeletes de esperanças com rímel?
Deus é Sol Maior. E escreve por cifras tortas, pautas etéreas, pausas milenares. Solos de silêncios. Preces e almas naus.
Você é Lá. Versos brancos?
Eu, por mim mesmo, sou duas notas musicais: Si...lás...
E há ainda o descontente que não cabe em SI. Desafinado.
Ou você nunca vai querer ser a baliza lá na frente do festival de corais, preferindo assim ser uma nota musical chamada Ré menor? Fá sustenido? Ou viver sem Dó?
Seja a música. Soe alto. Vibre fé. O dial da Rádio Eterna nem precisa de antena.Você capta no coração. Conecte-se. Tudo é música. Que partitura perdida sem própolis você é? Você é opus de Deus,
Leia meu poema ao músico:
“Todo músico é mágico/Todo pensador se sobressai acima do lótus da condição humana/E há ainda os versos/Que enriquecem rocamboles/De renúncias sublimadas/Viver não pode ser um desperdício/De espaço, massa, água, ar/Toda música quer cantar isso/Numa opus sublime, singular/Cabeça, tronco, membros/Melodia, harmonia e ritmo/Todo músico quer traduzir/A luz que o procura o espírito...”
Deus é Música!
-0-
Silas Corrêa Leite – Da Estância Boêmia de Itararé-SP, Brasil
Crônica da Série “Bendito Fruto, Causos e Acontecências”
E-mail: poesilas@terra.com.br
Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
Romance ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site
www.hotbook.com.br/rom01scl.htm
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