Resenha:
Sambaqui, Importante Romance Historial de Urda Alice Klueger
“Quanto mais examino o universo
e estudo os detalhes de sua arquitetura,
mais indícios encontro de que ele devia
saber, de alguma maneira, que estávamos
chegando...”
Freeman Dyson
O Romance historial SAMBAQUI, Editora Hemisfério Sul, da já renomada romancista Urda Alice Klueger, tem essa coisa de você se apegar pela palavra e não largar mais, ir se entretendo na leitura, cativado, vencendo páginas, quando vê, você comeu pelas beiradas o livro de 245 páginas, edição 2008.
Como era o continente brasileiro antes do “achamento” pelos colonizadores lusos? Bela pergunta.
Pois a autora Urda Alice, renomada literata na linha de Proust, já tem seus dezoito livros, todos de qualidade, obras que, certamente já a apontam como a melhor escritora do sul, e uma das melhores do Brasil, na linha da literatura brasileira contemporânea. E lá se vão romances, crônicas, trabalhos infanto-juvenis de memórias, turísticos, narrativas de viagens, etc.
Muito criativa, Urda Alice conta numa linguagem fluente e bonita que cativa, toca, toma você pela mão e leva suavemente para aquilo que dela você com muito prazer lê. Resultado de muitas releituras, entendimentos e pesquisas (cientificas, arqueológicas, em museus, universidades, bibliotecas), a Romancista Urda Alice arrisca com conhecimento de causa as contações, aventurando-se com conhecimento do oficio, situando-as entre aproximadamente 4000 antes de nossa época, e acerta em quase tudo; foi feliz pelo que imaginou com criatividade, e pela sequência narrativa de qualidade.
Trabalhando a antiguidade no sul Catarinese, Urda Alice Klueger inventa a história de Jogu, Sanira, Calexo, entre outras personagens, com seus rituais, sonhos, trocas e feitiços, mais crendices, usos e costumes, ainda pescas, caças e interação dos silvícolas ameríndios com a natureza, entre os sambaquis da região; e de como poderia ter sido, como certamente foi, no seu entender, no seu feitio de criar, pesquisar, fazendo o leitor se interessar por essa viagem ao passado, retrazendo vestígios, veredas, ramificações, histórias alegres e tristes, sempre com muito gabarito e conteúdo narrativo.
Mapeia, faz importantes intersecções do que ocorria a mesma época narrada no romance, na Ásia (entre os rios Tigre e Eufrates), África (Egito, Rio Nilo), Mediterrâneo (Grécia, Irlanda), América (Peru), Europa, etc, levando e trazendo as ligações das histórias nas sequências próprias do romance, intercalando a contação de como era na mesma época entre outros povos, etnias, civilizações. Muito importante isso, reforçando o caráter criativo e importante do romance que assim carrega em belas pinturas textuais, mesmo que, de passagem, um mesmo um certo enfoque de circunstancial documentário.
Trabalho literário e histórico-arqueológico, tendo levado dez anos para ser terminado, a escritora nascida em Blumenau e muito bem conhecedora dos pagos sulistas, conta de tradições, envolvimentos ribeirinhos, a cultura toda própria da época e da região, e, tem peregrina alma viajosa, não foi difícil para ela imaginar com competência, viçando seu lado de “sentidora”, descrever com qualidade e riqueza de detalhes. Sim, os índios caçavam, pescavam, mas também amavam, tinham suas relações afetivas na tribo, na relações humanas de entendimento e convivência harmoniosa, uma visão bem sócio-comunitária também para a época. O Brasil antes de ser o Brasil.
-Alberto Ellis dizia que “alguns indivíduos fazem profissão de contar historias, e andam de lugar em lugar recitando contos”. Pois Urda Alice Klueger vai fazendo récitas literais de suas crônicas, experiências de bagagens de viagens, e mesmo romanceando fatos, vidas, acontecências; vai dando o seu toque todo feminino e por isso mesmo lindo, romântico, pessoal, naquilo que com talento inventa de inventar.
-O Romance Sambaqui é isso. Uma obra datada que, certamente servirá de pesquisa literária para conhecermos mais desse Brasil, e dos “nativos” que aqui já o habitavam antes da invasão colonizadora. Urda Alice colabora com isso. O livro tem, assim, sua importância de vezo histórico. Mais uma vez, portanto, a autora sabiamente acerta a mão no acabamento final de compreensão das evidências históricas, na condução do romance Sambaqui, que, por isso mesmo, vira um clássico da literatura brasileira.
-0-
Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA
Giz Editorial, 2009, São Paulo
Sambaqui, Importante Romance Historial de Urda Alice Klueger
“Quanto mais examino o universo
e estudo os detalhes de sua arquitetura,
mais indícios encontro de que ele devia
saber, de alguma maneira, que estávamos
chegando...”
Freeman Dyson
O Romance historial SAMBAQUI, Editora Hemisfério Sul, da já renomada romancista Urda Alice Klueger, tem essa coisa de você se apegar pela palavra e não largar mais, ir se entretendo na leitura, cativado, vencendo páginas, quando vê, você comeu pelas beiradas o livro de 245 páginas, edição 2008.
Como era o continente brasileiro antes do “achamento” pelos colonizadores lusos? Bela pergunta.
Pois a autora Urda Alice, renomada literata na linha de Proust, já tem seus dezoito livros, todos de qualidade, obras que, certamente já a apontam como a melhor escritora do sul, e uma das melhores do Brasil, na linha da literatura brasileira contemporânea. E lá se vão romances, crônicas, trabalhos infanto-juvenis de memórias, turísticos, narrativas de viagens, etc.
Muito criativa, Urda Alice conta numa linguagem fluente e bonita que cativa, toca, toma você pela mão e leva suavemente para aquilo que dela você com muito prazer lê. Resultado de muitas releituras, entendimentos e pesquisas (cientificas, arqueológicas, em museus, universidades, bibliotecas), a Romancista Urda Alice arrisca com conhecimento de causa as contações, aventurando-se com conhecimento do oficio, situando-as entre aproximadamente 4000 antes de nossa época, e acerta em quase tudo; foi feliz pelo que imaginou com criatividade, e pela sequência narrativa de qualidade.
Trabalhando a antiguidade no sul Catarinese, Urda Alice Klueger inventa a história de Jogu, Sanira, Calexo, entre outras personagens, com seus rituais, sonhos, trocas e feitiços, mais crendices, usos e costumes, ainda pescas, caças e interação dos silvícolas ameríndios com a natureza, entre os sambaquis da região; e de como poderia ter sido, como certamente foi, no seu entender, no seu feitio de criar, pesquisar, fazendo o leitor se interessar por essa viagem ao passado, retrazendo vestígios, veredas, ramificações, histórias alegres e tristes, sempre com muito gabarito e conteúdo narrativo.
Mapeia, faz importantes intersecções do que ocorria a mesma época narrada no romance, na Ásia (entre os rios Tigre e Eufrates), África (Egito, Rio Nilo), Mediterrâneo (Grécia, Irlanda), América (Peru), Europa, etc, levando e trazendo as ligações das histórias nas sequências próprias do romance, intercalando a contação de como era na mesma época entre outros povos, etnias, civilizações. Muito importante isso, reforçando o caráter criativo e importante do romance que assim carrega em belas pinturas textuais, mesmo que, de passagem, um mesmo um certo enfoque de circunstancial documentário.
Trabalho literário e histórico-arqueológico, tendo levado dez anos para ser terminado, a escritora nascida em Blumenau e muito bem conhecedora dos pagos sulistas, conta de tradições, envolvimentos ribeirinhos, a cultura toda própria da época e da região, e, tem peregrina alma viajosa, não foi difícil para ela imaginar com competência, viçando seu lado de “sentidora”, descrever com qualidade e riqueza de detalhes. Sim, os índios caçavam, pescavam, mas também amavam, tinham suas relações afetivas na tribo, na relações humanas de entendimento e convivência harmoniosa, uma visão bem sócio-comunitária também para a época. O Brasil antes de ser o Brasil.
-Alberto Ellis dizia que “alguns indivíduos fazem profissão de contar historias, e andam de lugar em lugar recitando contos”. Pois Urda Alice Klueger vai fazendo récitas literais de suas crônicas, experiências de bagagens de viagens, e mesmo romanceando fatos, vidas, acontecências; vai dando o seu toque todo feminino e por isso mesmo lindo, romântico, pessoal, naquilo que com talento inventa de inventar.
-O Romance Sambaqui é isso. Uma obra datada que, certamente servirá de pesquisa literária para conhecermos mais desse Brasil, e dos “nativos” que aqui já o habitavam antes da invasão colonizadora. Urda Alice colabora com isso. O livro tem, assim, sua importância de vezo histórico. Mais uma vez, portanto, a autora sabiamente acerta a mão no acabamento final de compreensão das evidências históricas, na condução do romance Sambaqui, que, por isso mesmo, vira um clássico da literatura brasileira.
-0-
Silas Correa Leite
E-mail: poesilas@terra.com.br
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA
Giz Editorial, 2009, São Paulo