domingo, 30 de maio de 2010

ADUBOS, Poema de Silas Correa Leite





A D U B O S
(Miseris Nobilis)

O homem será, nos esgotos subterrâneos podres
do que restar da Terra destruída, uma espécie
mutante de bisonho animal selvagem, querendo
desesperadamente a pilhagem da radiação para
manter acesa o seu instinto ancestral de sobrevivência


A terra depois do caos será tomada pelos mendigos
A terra fervendo será loteada por milhões de mendigos
Os chamados emergentes informais das ruas
Os excluídos sociais vampirizados pelo neoliberalismo-câncer
A população em situação da rua finalmente
Sitiará condomínios, quartéis, palácios, fazendas improdutivas
E o preço do pedágio será o sacrifício dos incautos
Que serão a lenha e o alimento da turba insana
Para serem o fogo e o silo no mundo podre e frio
Enquanto cidades-naves lançadas a toque de caixa ao espaço
Levarão núcleos de ricos e poderosos para aldeamentos siderais
Como sementes com nódoas da espécie humana
E o cosmos todo então será poluído e predado
Pela decrépita e amoral escória da raça humana
Que quererá sobreviver muito além do mal que fizeram
A si mesmos, ao próximo, à sociedade e à via láctea
Como a barbárie da civilização em um historial que é remorso
Quando milhões de mendigos assumirão
O poder de mando e controle da terra entrevada
Até todos serem finalmente reduzidos a pó
E serem de novo e para sempre os adubos
Talvez de um novo céu
Talvez de uma nova guelra
Como não estava escrito desde a última Atlântida

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Silas Correa Leite
E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.portas-lapsos.zip.net

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