quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Monge e o Mosteiro, Poema de Silas Correa Leite




O Monge e o Mosteiro


O que o mosteiro diz ao Monge?
-Silêncio quase prece
E o pobre monge carece
Pois em busca de saber veio de muito longe

O que o Monge diz ao mosteiro?
(Ali, peregrino hospitaleiro
O buscador humilde, estrangeiro
É de sua caminhação prisioneiro)

Afinal Monge e Mosteiro se confinam
Num mesmo chão genuflexório
(Quem é quem no divinal ofertório
Se as contudências se afirmam?)

O Monge busca um sinal – a perfeição
O mosteiro é muro e confinamento
Quem é quem entre o sub e o sobre lá dentro
Se tudo é silencitude e oração?

O que o mosteiro diz a esmo
Sem o Monge a peregrinar?
Tudo é luz, tudo é fé, tudo é assim mesmo
O vazio se sustém naquilo que veio buscar

O que o Monge diz ao Mosteiro
Quando o encontra impoluto?
-Tudo é eterno – nada é passageiro
O fiel se espiritualiza no absoluto

Monge e Mosteiro se completam assim
Um e outro se orquestram tanto...

O monge é filosofia do princípio ao fim
O mosteiro é o inferno que consagra o santo


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Silas Corrêa Leite, Santa Itararé das Letras

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