Prelúdio em Si Maior
Para Célio Eli Corrêa Leite, Meu Querido Irmão Caçula
Éramos todos grãos de areia
A vida dura nos edificou
(A pior surra foi a de lágrimas
E os licores de ausências.)
Éramos todos filhos do Seu Antenor
Dona Eugênia era apenas uma sombra
(Dia e noite no tanque, no fogão de serragem e cepilho
Dividindo-se para multiplicar cebolas que não haviam.)
Éramos todos crentes ortodoxos
Afinados até o último cantar de galo
(Atrás de casa havia um monturo de tijolos vermelhos
Com o qual construímos nossos barcos a seco.)
Éramos todos pobres com amarelão
Mas na mão direita tínhamos uma roseira
(Erzita era a energia espiritual de Irmãe
E Sueli já tinha uma janela para dentro.)
Éramos a Família Corrêa Leite
O sinal de Deus em forma de estrela na testa
O medo de apanhar de vara de marmelo
Ou a surra de lágrimas da mãe.
Éramos todos mestiços cordeiros de Deus
Filhos de Dona Eugênia, mameluca
Que com lágrimas nos fazia suculentos omeletes
No seu jeito de ser carinhosa prestando serviços e orações.
Éramos todos nervosos e tristes
E traumatizados com santos e um enorme medo do inferno
Eu e Paulo tínhamos a briga no sangue
E assim amarramos carruagens de abóboras no íntimo.
Éramos todos fãs de Clarice Encantada
Com sua voz de pelica na alma enluada
E vimos tentando erguê-la, tirá-la de dentro do sonho
Mas não há sensações no esquecimento.
Célio nos foi dado como uma dádiva, um refil
No seu aprendizado de perdas
E nele nos firmamos, espelho quebrado
Cujo caco ainda nos dói, no tear com vestígios de ausências
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Thiago, Lucas, Frederico, Otávio, Pola, Francisco, Claudia
Todos com erros e acertos - Herdados do Patriarca Antenor Corrêa Leite
Vencemos à nós mesmos – (Estamos livros e limpos?)
E a saudade do acordeom preto sola prelúdios.
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Silas Corrêa Leite