domingo, 6 de fevereiro de 2011

Poema Para o Maé da Pêdra - Primeiro de Abril em Itararé





PRIMEIRO DE ABRIL


In Memoriam do Maé da Pêdra





Primeiro de Abril em Itararé corria boatos.
Maé da Pêdra no Bar do Fecha Nunca
Deixava escapar em soluços:
-Morreu Tostão!
-Como foi? E a Copa do México?
-Acidente da Anchieta. Mulher e filhos.
Ás vezes para variar “matava” Noite Ilustrado, o Velho Lua
JK, Cauby Peixoto, e, às vezes, incorrigível.
Matava um conterrâneo famoso.


Era chegar Primeiro de Abril em Itararé nos idos de antigamente
E o Maé da Pêdra descia a Rua 13 de Maio
Chorando copiosamente feito um traste, um coió caipora
Como a “morte” do Vereador 2001 no lanço ranhento.
Cresci, fiquei brabo, calei a boca.
Fiz estágios (estragos) no purgatório dos incautos
Até que bendito dia de catar coquinhos
Alembrei-me do Maé da Pêdra
E perguntei para um amigo recém-inaugurado:
-Tem visto o Maé da Pêdra?
E o homem polaco de nome meio estrambólico
Caçou memórias virando o ford de melancias
Cismou com o rabo do zóio, estalou os dedos
E derramou; eternos segundos silenciosamente após:
-Maé de Pêdra morreu.


Quis brigar, quis xingar, quis chamar a “puliça”
(Na hora agá a gente chega ao extremo)
Mas depois, como uma pálida pipa creme desgovernada
Fiquei de cócoras e, coçando uma oxiurose imaginária menti pra mim mesmo:

-Primeiro de Abril!

-0-

Silas Correa Leite (Poema de 1978)
Santa Itararé das Artes, Cidade Poema – www.itarare.com.br
Blogue premiado do UOL: www.portas-lapsos.zip.net
E-mail: poesials@terra.com.br
Poema da Série Memórias da Estância boêmia de Itararé